Turcos e americanos ampliam o apoio a curdos contra facção
Turquia permite que curdos do Iraque utilizem o seu território para se unir a combate contra Estado Islâmico
Aviões de guerra americanos despejam armas e munições às forças de Kobani, que resistem a cerco do EI
A Turquia anunciou nesta segunda (20) que permitirá que combatentes curdos do Iraque usem o território turco para se juntar ao combate contra a facção radical Estado Islâmico (EI) na cidade síria de Kobani.
A cidade, que tem maioria de população curda e fica na fronteira com a Turquia, está cercada pelos militantes do EI há mais de um mês. A única maneira de envio de reforços é pelo lado turco.
A decisão marca uma mudança no governo da Turquia, que tem irritado sua população curda por não abrir a fronteira com a Síria para a passagem de armas e combatentes a Kobani.
O chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, disse que o governo iria "ajudar os peshmerga [forças curdas iraquianas] a cruzarem a Kobani".
O secretário de Estado americano, John Kerry, disse que Washington pediu a Ancara que permitisse a passagem dos combatentes.
Também nesta segunda-feira, o governo americano decidiu usar aviões de guerra para despejar armas e munições aos combatentes curdos na região.
A Turquia tem sido hesitante em aderir ao combate contra o EI, por receio de fortalecer os curdos de seu território. O Partido Trabalhista Curdo (PPK) e o Estado turco têm um histórico de 30 anos de conflitos, hoje interrompidos por um cessar-fogo.
Kerry disse que ele e o presidente Barack Obama ligaram para as autoridades turcas antes de ordenar o envio de armas, "para deixar claro, muito claro, que isso não é uma mudança na política dos Estados Unidos". "Seria irresponsável e moralmente difícil virarmos as costas a uma comunidade combatendo o EI", ponderou Kerry.
Obama também considera apoiar grupos rebeldes do que chama de "oposição moderada" ao regime de Bashar al-Assad na Síria.
Desde o início do cerco a Kobani, cerca de 180 mil sírios entraram na Turquia, fugindo dos avanços do EI. Eles se somam ao 1,5 milhão de refugiados que chegaram ao país desde que começou a guerra civil síria, em 2011.