Milícia apreende armas enviadas a curdos
Armamento lançado por coalizão americana tem objetivo de reforçar combate contra o Estado Islâmico em Kobani
Nas redes sociais, militantes da facção divulgam notas sarcásticas de agradecimento aos EUA
Armas lançadas pelos EUA para combater o Estado Islâmico na Síria estão indo parar nas mãos da própria milícia fundamentalista.
Nesta terça, a facção exibiu na internet um vídeo mostrando material jogado pelos americanos que deveria ajudar combatentes curdos na luta contra a o EI.
Em vez disso, as armas foram apropriadas pelos militantes. O carregamento inclui granadas de mão, munição e lançadores de granadas por foguetes, segundo um vídeo divulgado por um grupo de mídia leal à facção.
Os armamentos foram jogados por meio de paraquedas na segunda (20) em Kobani, perto da fronteira da Turquia.
A ofensiva da facção, que tenta tomar o controle da cidade síria há mais de um mês, forçou um êxodo de cerca de 200 mil pessoas da Síria para a Turquia.
Os partidários do EI postaram nas redes sociais notas sarcásticas de agradecimento ao governo americano, incluindo uma imagem que dizia "Equipe EUA".
Este não é o primeiro armamento americano a cair nas mãos dos militantes.
Quando integrantes da facção tomaram o controle de partes do Iraque em junho, apreenderam armas avaliadas em milhões de dólares de soldados iraquianos em fuga.
Mas é o primeiro carregamento que, ao ser lançado do alto, chega nas mãos erradas.
A situação mostra os limites da estratégia americana. Desde o início da ofensiva contra o EI, os EUA têm optado por fazer bombardeios e municiar com armas tropas curdas na região. Os americanos se recusam a enviar soldados, com medo de iniciar uma nova guerra.
O EI tem conseguido resistir, em parte por conseguir se financiar com a venda de petróleo.
Segundo estimativa da consultoria americana IHS, a milícia produz o equivalente a US$ 2 milhões diários em petróleo nos territórios capturados no Iraque e na Síria, vendidos no mercado negro, sobretudo via Turquia.
Nesta terça, o Comando Central dos EUA disse que quatro ataques lançados pelas forças militares americanas destruíram posições de combate, um prédio e uma grande unidade militar do EI perto de Kobani.
Também nesta terça, bombardeios do governo sírio contra a cidade rebelde de Nasib, na fronteira com a Jordânia, deixaram ao menos oito mortos.