Atirador dava sinais de distúrbio mental
Convertido ao islã, Zehaf-Bibeau viveu na Líbia; segundo amigo, ele falava muito da presença do 'demônio' no mundo
Autor de atentado tinha 11 passagens pela polícia do Canadá desde 2001; mãe pede desculpas às vítimas
"É possível explicar algo assim? Eu sinto muito" disse, por telefone à Associated Press, a mãe de Michael Zehaf-Bibeau, 32, o atirador que matou um soldado e invadiu o Parlamento canadense na quarta-feira (22).
"Estou brava com o nosso filho, e parte de mim quer odiá-lo neste momento", afirmou Susan Bibeau, funcionária da imigração canadense, em comunicado divulgado horas depois.
O texto também é assinado pelo pai do atirador, o empresário líbio Bulgasem Zehaf, que, segundo relatos, teria lutado ao lado de rebeldes na Líbia em 2011.
Zehaf-Bibeau passou mais de cinco anos sem encontrar a mãe, até que almoçou com ela na semana passada.
Nascido em Québec, parte francófona do Canadá, ele se converteu ao islamismo anos atrás e viveu durante algum tempo na Líbia, segundo Dave Bathurst, um amigo entrevistado pelo jornal canadense "The Globe and Mail".
Dave Bathurst e Zehaf-Bibeau se conheceram em uma mesquita em Burnaby há três anos. Segundo o amigo, o atirador não parecia ter inclinações extremistas, embora demonstrasse sinais de distúrbios mentais --falava frequentemente sobre a presença de "Shaytan" no mundo, palavra árabe para demônio.
Bathurst encontrou Zehaf-Bibeau perto de Vancouver há seis semanas. "Ele queria voltar para a Líbia e estudar."
Zehaf-Bibeau não era considerado uma pessoa de alto risco, mas estava no radar da polícia, disse o comissário, por possíveis conexões com extremistas investigados. As autoridades suspeitam que ele tivesse cidadania líbia.
O atirador tinha 11 passagens pela polícia desde 2001.
Em 2003, foi sentenciado a nove meses de prisão por roubo e porte de armas na cidade de Saint-Jeróme. Os arquivos também incluem porte de maconha, fraude no cartão de crédito e multas por dirigir embriagado.
Nos últimos dias, o atirador dormiu em um abrigo para sem-teto em Ottawa. Um dos moradores do local, John Clothier, afirmou que não compreendia o que Zehaf-Bibeau dizia.
"Ele falava que nós deveríamos rezar cinco vezes ao dia porque o fim do mundo estava chegando."