País votará redução de maioridade penal
Junto da eleição presidencial, domingo, Uruguai decidirá sobre diminuição de 18 para 16 anos em crimes graves
Partidos de oposição são maiores defensores da mudança, enquanto o governo lidera a campanha pelo 'não'
O referendo para decidir se haverá redução da maioridade penal de 18 para 16 anos ocorrerá no próximo domingo (26) ao mesmo tempo que a eleição presidencial.
Os eleitores que quiserem votar "sim" deverão, além do boleto com o nome dos candidatos, apresentar um segundo, que diz "sim". Quem não apresentá-lo estará votando "não".
Apesar de ser considerado o país mais seguro da América Latina, de acordo com o Global Peace Index (GPI), o Uruguai é o segundo onde as pessoas se sentem mais inseguras (Latinobarómetro, 2013), perdendo apenas para a Venezuela.
Segundo dados do governo, o número de assaltos com violência aumentou de 11.391, em 2009 para 16.719, em 2013. Os homicídios foram de 199, em 2011, para 260, em 2013. Apenas 6% deles, porém, foram cometidos por menores de idade.
"Se os cidadãos se sentem inseguros, não importa muito se objetivamente o número de delitos no Uruguai tenha crescido muito ou pouco. Se têm medo, se sentem-se inseguros, esse é o dado relevante", diz Adolfo Garcé, professor do Instituto de Ciências Políticas da Universidade da República.
Durante os últimos dias, faixas com os dizeres "Sí a la baja" e "No a la baja" (sim e não à diminuição) povoaram as ruas de Montevidéu e monopolizaram o debate das campanhas.
Pesquisa divulgada pelo instituto Mori, na quarta (22), pela primeira vez deu o "sim" na frente do "não", com 52% a favor e 39% contra. Há 9% de indecisos.
O presidente José Mujica se opõe à diminuição da idade, mas aceitou a realização do referendo porque a oposição conseguiu o número de assinaturas necessárias para levá-lo adiante.
A campanha pelo "sim" é defendida pelos partidos Blanco e Colorado, enquanto a Frente Ampla encabeça a campanha do "não", ao lado de outros partidos e agrupações de esquerda e organismos internacionais, como a Unicef.