Venezuela aumenta salário mínimo em 15%
Este é o 3º aumento em 2014; medida parece esforço para atenuar efeitos da inflação antes das festas de fim de ano
Na cotação paralela, salário de 4.889 bolívares equivale a US$ 50 --o menor da América Latina
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na segunda (3) um aumento de 15% do salário mínimo a partir de dezembro, num aparente esforço para atenuar os efeitos da inflação antes das festas de fim de ano.
Mas há temores de que a medida tenha efeito oposto ao desejado pelo risco de aumentar ainda mais a inflação de 63%, uma das mais altas do mundo.
Na cotação oficial, o novo salário de 4.889 bolívares equivale a US$ 776 e representa o mais alto da América Latina. Mas, na cotação paralela, trata-se do mais baixo da região --US$ 50.
É o terceiro aumento neste ano: em janeiro, houve um de 10% e, em abril, de 30%.
Maduro disse que a medida é necessária para "proteger os trabalhadores" contra a suposta "guerra econômica" travada pela oposição.
Maduro, eleito após a morte de Hugo Chávez, em 2013, sustenta que a inflação e a escassez de remédios e itens básicos são frutos de um complô da direita e do setor privado para minar os avanços sociais trazidos pelo governo.
Muitos economistas, porém, dizem que a crise reflete a ineficiência das políticas chavistas, que incluem controle cambial, expropriações e subsídios, que distorcem preços e salários.
Graças aos subsídios, o governo mantém muitos preços artificialmente baixos, o que atenua a inflação.
Encher o tanque de um carro médio custa o equivalente a US$ 0,07 na cotação paralela. Uma passagem de metrô em Caracas vale US$ 0,01.
Na semana passada, Maduro anunciou aumento de 45% no salário dos militares.
Os gastos públicos, porém, estão pressionados por problemas no setor petroleiro, que responde pelo ingresso de US$ 9 de cada US$ 10.
O preço do barril no mercado mundial vem batendo há várias semanas abaixo de US$ 85, a cotação mais baixa desde 2010.
A produção também está em queda por causa da falta de investimento e da má gestão. Em 1997, o país produzia 3,7 milhões de barris por dia, contra os atuais 2,3 milhões por dia, segundo estimativas.