Análise eleições nos EUA
Oposição pode gerar paralisia sem precedentes
Com maiorias no Senado e na Câmara, republicanos se esforçarão para tornar improdutivo fim do governo Obama
Os republicanos conquistaram cadeiras não com ideias sobre como promover o crescimento, mas prometendo obstruir mais a agenda de Obama
Agora que as eleições deram aos republicanos o controle do Senado e ampliaram sua maioria na Câmara, a reviravolta no Congresso pode resultar em um nível sem precedentes de paralisia política.
Os republicanos conquistaram cadeiras não com ideias novas sobre como promover o crescimento econômico, mas prometendo obstruir ainda mais a agenda de Obama. O Partido Republicano bloqueou o projeto abrangente de lei de empregos que o presidente apresentou em 2012 e sua proposta de elevar o salário mínimo para todos os trabalhadores, em 2013.
Com os democratas no Senado incapazes de bloquear projetos de lei aprovados pela Câmara, os republicanos poderão passar leis que reduzam drasticamente os impostos das empresas e derrubar regulamentações ambientais impostas às indústrias de combustível fóssil, forçando Obama a usar o veto.
Os republicanos podem ainda integrar essas propostas a leis de autorização de gastos, o que forçaria Obama a escolher entre as propostas republicanas ou a paralisação do governo.
E porque o Tea Party, a ala ultraconservadora do Partido Republicano, ganhou assentos na Câmara, compromissos bipartidários se tornarão improváveis.
Os republicanos do Senado bloquearão os indicados de Obama para o posto de juiz, o que pode causar uma crise judicial --a não ser que ele aceite candidatos mais conservadores.
Um Congresso controlado pelos republicanos se oporá à reforma das leis de imigração, que poderia ajudar trabalhadores estrangeiros a ganhar e gastar mais, o que estimularia o crescimento econômico. Por quê? Os republicanos não precisam do voto hispânico para vencer a eleição presidencial de 2016, e a reforma da imigração enfureceria as bases do Tea Party.
Os republicanos também podem tentar aprovar cláusulas que cortem as verbas ou desmantelem certas porções da lei de reforma da saúde de Obama, o "Obamacare".
Os republicanos não conseguiram impedir que Obama conquistasse um segundo mandato, mas é provável que se esforcem para tornar o seu fim de governo o mais improdutivo possível.