Análise
Votação define se catalães querem o 'direito de decidir'
A grande votação de domingo (9) na região da Catalunha está longe de significar que a maioria dos catalães quer necessariamente a independência.
Não era em torno dela que girava a votação, de qualquer forma sem valor legal, porque vetada pelo Tribunal Constitucional.
A consulta era apenas para saber se os catalães querem o que se batizou de "direito a decidir".
Traduzindo: querem ou não ter o direito a definir eles próprios se pretendem continuar fazendo parte da Espanha ou preferem ser um país independente.
É óbvio que a grande maioria das pessoas quer decidir seu próprio destino, o que explica a votação.
Como votariam os catalães se a decisão fosse mesmo sobre a independência é uma questão em aberto.
Que cresceu o sentimento pela soberania é evidente a olho nu.
Mas daí a supor que ele será majoritário se e quando se fizer uma consulta legalmente válida vai uma grande distância.
A mais recente pesquisa mostra, aliás, uma maioria relativa a favor de permanecer na Espanha, desde que o governo catalão tenha maior autonomia.
Foram 47% os que manifestaram essa opinião, em pesquisa do instituto Metroscopia publicada pelo jornal "El País".
Há também 16% que indicam querer manter tudo do jeito que está.
Somados os dois números, tem-se, portanto, que quase dois terços dos catalães desejam permanecer na Espanha, enquanto apenas 29% votariam pela independência.
Mas é razoável supor que as três posições se unam no apoio ao "direito a decidir".
Artur Mas, o presidente da Generalitat, o governo catalão, seguramente usará a votação como arma de barganha com o governo central: pedirá mais autonomia em troca de abandonar o projeto independentista.
Resta saber se o presidente do governo, Mariano Rajoy, preferirá negociar politicamente ou seguir rigidamente a via legalista, que impede plebiscitos em apenas uma região espanhola.