Vítimas da guerra, sírios lideram em número de refugiados no Brasil
Nacionalidade superou colombianos; haitianos não entram na conta
A partir deste ano, os sírios tornaram-se a principal nacionalidade dos refugiados no Brasil, superando os vizinhos colombianos. Segundo dados até outubro de 2014, os sírios representam quase 21% do total de 7.289 refugiados em território nacional, totalizando 1.524 refugiados.
Para o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) no Brasil, o principal motivo para a mudança foi a adesão do país vizinho a acordo do Mercosul que permite aos colombianos morar no Brasil sem vínculo de trabalho ou de estudo --brasileiros passaram a ter o mesmo benefício na Colômbia.
O Brasil ainda facilitou a entrada de quem solicita refúgio em decorrência do conflito sírio.
Depois da Síria, os principais países de origem dos refugiados são Colômbia (1.218), Angola (1.067) e República Democrática do Congo (784). Ao todo, os atuais refugiados no país pertencem a 81 nacionalidades distintas.
Os dados, divulgados nesta terça-feira (18), indicam ainda um crescimento de 41,1% das solicitações de refúgio entre 2013 e este ano, além do aumento do ritmo de refugiados reconhecidos.
Entre 2012 e o ano passado, o número de refugiados subiu de 4.689 para 5.256 (12,9% de aumento). Entre 2013 e outubro deste ano, esse percentual foi de 36,6%, totalizando 7.289 refugiados.
Os dados não incluem informações relacionadas aos haitianos, que recebem visto de residência permanente por razões humanitárias.
Entre 2010 e setembro deste ano, cerca de 39 mil haitianos entraram no Brasil, segundo informações da Polícia Federal.
Para Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça e presidente do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), essa evolução indica uma "melhoria da visibilidade internacional" do Brasil.
"[Os solicitantes de refúgio] acreditam que temos instituições suficientemente fortes, legislações que garantem direitos humanos e solidariedade de um povo que os acolhe bem", afirmou, em coletiva de imprensa.