Republicanos iniciam retaliação a Obama
Deputados entram com ação contra subsídios da lei de saúde um dia após presidente anunciar reforma migratória
Oposição ameaça reduzir o orçamento de agências, bloquear o governo e levar o presidente à Justiça
A oposição republicana endureceu o discurso contra o presidente Barack Obama em razão conta do decreto presidencial que evita a deportação de cerca de 5 milhões de imigrantes sem documentos.
Em retaliação, deputados republicanos entraram com um processo contra os Departamentos de Saúde e do Tesouro em razão dos subsídios previstos pelo plano de saúde criado por Obama, apelidado de "Obamacare".
"O presidente decidiu sabotar deliberadamente qualquer chance de reformas suprapartidárias que diz buscar", afirmou o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, que chamou Obama de "rei".
Boehner não deu mais detalhes do que seria feito, mas vários deputados republicanos sugeriram que vão aprovar leis que reduzam o orçamento das agências encarregadas de regularizar a situação dos imigrantes ilegais.
Outros opositores falaram em interpelar o presidente na Justiça. Houve quem levantasse a possibilidade de impeachment de Obama.
O deputado Stephen King, que visitou na sexta-feira (21) a fronteira com o México, disse que uma das opções era "fechar o governo" --termo usado para não se votar o orçamento no Congresso.
DECRETO
As ameaças foram feitas antes de Obama assinar o decreto presidencial anunciado na quinta (20), que evita a deportação de imigrantes que estejam há mais de cinco anos no país e tenham filhos americanos ou com residência legal, desde que tirem uma certidão de antecedentes criminais e paguem impostos devidos.
A decisão de Obama traz riscos políticos para os dois partidos. Para os democratas, a ideia de que o presidente está excedendo seus poderes constitucionais e oferecendo uma "anistia" aos ilegais para agradar um de seus eleitorados mais fiéis, o latino.
A deputada republicana Michelle Bachmann, de Minnesota, ligada ao movimento ultraconservador Tea Party, disse na quarta (19) ao jornal Washington Post que Obama queria "aumentar o número de eleitores analfabetos do Partido Democrata".
Mas várias lideranças republicanas admitem que podem se queimar se a "linha dura" do partido exagerar nas críticas ao presidente.
O senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, advertiu que, "se os republicanos exagerarem na reação, o caso será sobre nós, não sobre Obama".
Segundo pesquisa do jornal Wall Street Journal e da rede de TV NBC, 48% dos americanos desaprovam a ação unilateral de Obama, enquanto 38% aprovam. Mas 57% apoiam um programa rumo à cidadania para os imigrantes sem papéis, número que sobe para 74% se incluídos antecedentes criminais e regularização de impostos devidos, como prevê o decreto.
Em Las Vegas, Obama afirmou ter "autoridade para fazer o sistema mais justo". "Tem quem fale que é dura contra os ilegais, mas se aproveita para pagar salários mais baixos a quem é vulnerável e pode ser deportado", disse.