Casa Rosada considera que ação contra hotel de Cristina é 'golpismo'
Governo argentino afirma que acusações são falsas e que Justiça está articulada com oposição
Juiz determina uma operação de busca em empreendimento da presidente; suspeita é de lavagem de dinheiro
Um dia após a operação de busca por documentos de uma empresa da presidente argentina, Cristina Kirchner, o principal porta-voz da Casa Rosada disse que a iniciativa do juiz Claudio Bonadio é exemplo de "golpismo".
O chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, declarou que a ação da Justiça foi "um ataque impiedoso do poder judicial, uma estratégia de golpismo por denúncias falsas com uma só estratégia: estabelecer uma ação midiática traiçoeiramente articulada pela oposição".
Foi por um pedido da deputada opositora Margarita Stolbizer que, na última quinta-feira (20), o juiz ordenou uma busca no escritório da Hotesur, empresa de Cristina Kirchner que controla o hotel Alto Calafate, na cidade de El Calafate, no sul do país.
A suspeita é de que o hotel seja usado num esquema de lavagem de dinheiro.
O conjunto comercial onde a Hotesur deveria funcionar, em Buenos Aires, está vazio. Uma mudança de endereço deveria ter sido informada à agência que controla as sociedades comerciais do país.
Segundo Stolbizer, outro documento que não está em dia é o balanço patrimonial da empresa.
Além de ter enviado oficiais de Justiça à sede administrativa da Hotesur, o juiz também pediu documentos à receita federal.
Na declaração patrimonial de Cristina Kirchner, consta que a presidente argentina é dona de ações da Hotesur no valor de R$ 2,8 milhões.
O chefe de gabinete não contesta a natureza do pedido da Justiça, mas, sim, a maneira como ele chegou.
O ministro diz que o juiz poderia ter requerido as informações por ofícios e que a ação de busca no escritório aconteceu "por golpismo".
TRANSPARENTE
Capitanich acrescentou que a Hotesur já havia enviado os documentos que faltam, mas disse que o órgão que controla as sociedades comerciais não regularizou a situação da empresa por haver outros 47 mil processos em análise. Para ele, o negócio é transparente.
Outros kirchneristas, como o presidente da Câmara, o deputado Julián Dominguez, e o governador do Estado de Entre Ríos, Sergio Urribarri, também criticaram a Justiça.
Segundo o jornal "Clarín", até 2013 o hotel Alto Calafate era administrado por Lázaro Báez, um empresário argentino que está sendo investigado nos EUA e na própria Argentina.
Báez chegou a pagar por mais de 900 diárias do estabelecimento para seus funcionários, sem que eles tivessem se hospedado lá.
Depois de quase 20 dias afastada por causa de uma sigmoidite (um tipo de infecção intestinal), Cristina reapareceu nesta sexta-feira (21), justamente em Calafate.
A família Kirchner possui três hotéis e uma residência particular na cidade. A presidente deve ficar na região até terça-feira (25). Nesta sexta (21), ela se reuniu com o prefeito e visitou as obras de um anfiteatro. A presidente não deu declarações.