EUA devem ampliar seu papel militar no Afeganistão em 2015
Sem alarde, Obama determina que tropas que ficarão no país poderão também dar combate a redes terroristas
Força de 9.800 homens permanecerá após a retirada da maior parte das tropas, e não vai se limitar a treinar afegãos
O presidente dos EUA, Barack Obama, autorizou discretamente um aumento da presença do seu Exército no Afeganistão em 2015.
A decisão contraria anúncio de Obama em maio, de que forças americanas não participariam de combates no próximo ano e de que 9.800 soldados que ficarão no país se limitariam a treinar forças afegãs e a caçar "remanescentes da Al Qaeda".
Pela ordem assinada por Obama há poucas semanas, soldados poderão empreender missões contra o Taleban e outros grupos militantes que ameacem forças dos EUA ou o governo afegão.
Também estão autorizados a usar caças, bombardeiros e drones para dar apoio aos soldados afegãos em missões de combate.
A decisão foi resultado de um longo debate que expôs a tensão entre dois objetivos conflitantes da administração Obama: a promessa de acabar com a guerra do Afeganistão e a demanda de que os soldados possam completar com sucesso suas missões pendentes no país. A missão atual estava para terminar em 31 de dezembro.
Alguns dos principais assessores civis de Obama teriam feito objeção ao aumento da presença no Afeganistão, dizendo que seria arriscado colocar vidas em risco no próximo ano em operações contra o Taleban.
Os militares, porém, exigiram que Obama autorizasse soldados norte-americanos a atacar o Taleban, a rede Haqqani e outros grupos extremistas que ameaçassem as forças dos EUA.
"Havia uma escola de pensamento que queria uma missão muito limitada, focada somente contra a Al Qaeda", disse uma autoridade dos EUA. "Mas os militares ganharam o que queriam."
Autoridades americanas dizem que duas questões mudaram o rumo do debate desde a promessa de maio.
A primeira foi o avanço das forças do Estado Islâmico no norte do Iraque e o colapso do Exército local, que atraiu críticas a Obama por retirar soldados do país deixando-o mal preparado para se defender sozinho.
A segunda questão foi a transferência do poder no Afeganistão ao presidente Ashraf Ghani, que é bem mais aberto à expansão do papel militar dos EUA em seu país do que seu predecessor, Hamid Karzai.
Nas últimas semanas Ghani solicitou que os Estados Unidos continuem combatendo as forças do Taleban em 2015.