Papa defende reunificação com ortodoxos
Na Turquia, Francisco e patriarca Bartolomeu 1º anunciam intenção de voltar a unir igrejas separadas desde 1054
Os dois líderes pediram à comunidade internacional que dê resposta apropriada aos ataques contra cristãos
O papa Francisco e o patriarca Bartolomeu 1º, líder da Igreja Ortodoxa, firmaram declaração conjunta neste domingo (30) que confirma a intenção dos dois de caminhar rumo à reunificação das duas instituições, separadas desde 1054.
A declaração foi feita no último dia da visita do pontífice à Turquia. Em Istambul, Francisco participou da festividade de santo André, patrono dos ortodoxos e que personifica o vínculo com a igreja de Roma, pois era irmão de são Pedro, considerado o primeiro papa.
O papa assegurou que a Igreja Católica "não pretende impor nenhuma exigência, exceto a profissão de fé comum", e que os ritos e tradições dos ortodoxos seriam mantidos. "Não se trata de submissão nem de absorção, mas sim da aceitação de todos os dons que Deus tem dado a cada um".
O princípio do respeito mútuo também foi destacado por Bartolomeu 1º, que mostrou intenção de prosseguir com o diálogo "para retirar os obstáculos acumulados durante um milênio".
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, explicou no sábado (29) que a questão da soberania do papado não seria abordada neste encontro e que o assunto será analisado por uma comissão teológica formada pelas duas igrejas.
A ideia de subordinação ao papa é questionada pelos ortodoxos e foi o principal motivo da separação.
A reunificação começou a ser discutida em 1964, em Jerusalém, por Paulo 6º e o patriarca Atenágoras 1º.
A Igreja Ortodoxa, cuja sede fica em Istambul, tem hoje cerca de 300 milhões de fiéis; os católicos são 1 bilhão.
No encontro, os líderes pediram, em declaração conjunta, que a comunidade internacional dê uma resposta apropriada aos ataques contra cristãos no Oriente Médio. "Não podemos nos resignar a um Oriente Médio sem cristãos, que professam o nome de Jesus ali durante 2 mil anos", diz o texto.
O papa também condenou o ataque a uma mesquita na Nigéria, na sexta, que deixou mais de cem mortos. "É um pecado grave contra Deus."