Madrugada tem 83 manifestantes presos
Participantes de atos em Nova York entoavam 'não consigo respirar', em referência às últimas palavras de morto
Polícia cercou área onde é acesa tradicional árvore de Natal de NY, para evitar que virasse alvo das pessoas
Malik Wormsby, um jovem negro de 18 anos, não saiu de casa na noite fria de Nova York para protestar apenas contra a decisão de um júri de não indiciar o policial Daniel Pantaleo, 29. Para ele, a questão também é pessoal.
"Eu já fui preso apenas por estar na esquina conversando com o meu amigo à noite. E essa é uma das razões para estar protestando, porque eu já vi por mim mesmo como a polícia trata os negros e pardos", afirmou.
"Para a minha sorte, eu só fui detido, mas poderia ser muito pior, como vimos em casos como o de Eric Garner."
Wormsby era parte de um grupo de ao menos 2.000 pessoas, em sua maioria jovens brancos, pardos e negros, que se reuniu para protestar nesta quinta-feira (4) em Foley Square, no sul de Manhattan.
Foi o segundo dia de manifestações indignadas na cidade, que começaram tão logo foi anunciada a decisão.
Os manifestantes gritavam "nós não conseguimos respirar", em referência às últimas palavras de Garner, deitado no chão enquanto Pantaleo lhe aplicava uma "gravata" e outros quatro policiais faziam pressão sobre seu corpo.
A cena foi gravada por uma testemunha e vista por milhares de pessoas nos EUA.
Na noite de quarta, a maior parte dos manifestantes se reuniu na Times Square, com o objetivo de chegar ao Rockefeller Center, onde a tradicional árvore de Natal da cidade seria acendida.
Os manifestantes levavam cartazes com a frase de Garner e o grito que se tornou conhecido após decisão semelhante em Ferguson (Missouri): "As vidas dos negros são importantes".
"Acorde, Nova York", gritava um dos manifestantes para quem passava.
Pedestres improvisaram cartazes com caixas de papelão achadas no lixo, e funcionários saíram das lojas correndo para entoar "eu não consigo respirar".
"Todos viram como Garner foi assassinado. O policial tem de ser punido", disse Zool, 59, aposentado.
83 DETIDOS
A polícia cercou os arredores da árvore de Natal e não permitiu que os manifestantes se aproximassem da área. Furiosos, alguns deles tentaram furar o bloqueio e foram detidos.
Segundo a polícia, 83 pessoas foram presas na noite de quarta-feira.
Em referência ao caso em Missouri, os manifestantes gritaram por diversas vezes a frase "Nova York é Ferguson, e Ferguson é Nova York".
Protestos também foram realizados em Boston (Massachusetts), Chicago (Illinois), Atlanta (Geórgia), Oakland (Califórnia), Baltimore (Maryland) e Washington. (GV)