Exército de Israel mata ministro palestino
Responsável por assuntos relacionados a colônias israelenses, Ziad Abu Ein teria sido golpeado com culatra de fuzil
Líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas diz que não ficará em silêncio; israelenses prometem investigar
O ministro palestino Ziad Abu Ein, 55, morreu nesta quarta-feira (10) em Turmus Aya, perto de Ramallah, pouco depois de ter sido atingido por soldados israelenses em um protesto na Cisjordânia.
Abu Ein era o encarregado da Autoridade Palestina para assuntos ligados à colonização israelense em territórios palestinos.
Segundo testemunhas, ele morreu após ter sido atingido fortemente no peito pela culatra de um fuzil e na cabeça por um capacete, além de ter inalado gás lacrimogêneo.
Cerca de cem ativistas estrangeiros e palestinos, assim como o Comitê para Resistir aos Assentamentos e ao Muro, organização chefiada por Abu Ein, iriam plantar oliveiras e protestar perto de um assentamento israelense quando foram parados.
Um grupo de cerca de 15 soldados disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, iniciando o confronto em uma parcela de terras confiscadas de famílias palestinas para ampliar um assentamento de colonos judeus.
'TODAS AS OPÇÕES'
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que a morte de Abu Ein foi "um ato bárbaro, sobre o qual não podemos ficar em silêncio".
Ele anunciou três dias de luto nacional e disse que tomaria as medidas necessárias após uma investigação.
Na abertura de uma reunião extraordinária em Ramallah, Abbas acrescentou que "todas as opções estavam abertas" à discussão.
Alguns membros do governo poderiam exigir o fim da cooperação de segurança com Israel, declarou à agência AFP um funcionário próxima da direção palestina.
Na reunião, Abbas alertou que Israel "divulgará muitas versões sobre o que aconteceu". "Dirão que o soldado que o agrediu tinha problemas mentais, que a morte foi em consequência de um ataque do coração, que o político nem estava no local. Mas temos fotos", afirmou.
ISRAEL E UE
Em Israel, o ministro de Defesa, Moshe Yaalon, lamentou a morte e informou que o caso está sendo investigado.
O coordenador das atividades israelenses nos territórios palestinos, general Yoav Mordechai, e o diretor-geral de Assuntos Civis da Autoridade Palestina, Hussein al Sheikh, concordaram que um patologista israelense integre a delegação de médicos da Jordânia que analisará as circunstâncias da morte.
Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), pediu uma investigação independente e disse que os relatos de uso excessivo da força por Israel "são extremamente preocupantes".