Primeiro-ministro do Japão vence eleição
Coalizão governista obtém dois terços das cadeiras na Câmara, e premiê conservador Shinzo Abe sai fortalecido
Política de aumento de gastos públicos recebe aval nas urnas, mas tem sido posta à prova com recessão e deflação
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e sua política de estímulos econômicos saíram fortalecidos da eleição deste domingo (14).
A coalizão governista, formada pelo partido de Abe, o Liberal Democrata (PLD), e pela legenda budista Komeito, conquistou mais de dois terços das 475 cadeiras da Câmara dos Deputados, segundo a TV estatal NHK. Até a conclusão desta edição, os resultados finais não haviam sido divulgados.
A maior sigla de oposição, o Partido Democrático do Japão --que deixou o governo em 2012, após o acidente nuclear de Fukushima-- conseguiu 73 cadeiras, mais do que as 62 da última eleição.
O pleito foi convocado por Abe em novembro. Eleito em 2012, ele decidiu antecipar a eleição (que seria necessária apenas em 2016) em uma tentativa de angariar apoio político para sua administração.
Com a ampla maioria conquistada neste domingo, o primeiro-ministro afirmou que sua prioridade será a recuperação da economia.
'ABENOMICS'
Apelidada de "Abenomics", a política econômica de Abe está sendo posta à prova neste momento. Apesar do aumento dos gastos públicos, a economia entrou em recessão técnica, e a deflação (perda de valor dos ativos) voltou em outubro.
"Os eleitores aprovaram os dois anos de nossas políticas Abenomics'", afirmou o premiê neste domingo. "Mas isso não significa que nós podemos ser complacentes."
No mês passado, o primeiro-ministro chegou a defender que não havia alternativa ao país a não ser prosseguir com os estímulos. "Há outra opção? Esta é a única maneira de pôr fim à deflação e recuperar a economia", disse em entrevista a uma TV.
A vitória também dá respaldo para que Abe prossiga em outras questões delicadas para os japoneses, como o aumento dos gastos militares e a reativação de 48 reatores nucleares que estavam desligados desde o vazamento nuclear de Fukushima.
Outra bandeira do seu partido, que deve ganhar alento, são as propostas de reforma do mercado de trabalho e a abertura comercial --agenda que ficou mais urgente com a criação da Aliança do Pacífico, iniciativa patrocinada pelos EUA para ampliar o comércio entre Ásia e América.
A eleição no Japão foi marcada também pelo recorde de abstenção. Só 52% dos votantes apareceram nas urnas, menos do que os 59% da eleição de 2012.
Um dos motivos pode ser a onda de frio, que fez nevar no centro e no norte do país. A imprensa japonesa calcula que este é o menor percentual de presença desde a Segunda Guerra.
Uma das surpresas dessa eleição foi o aumento do Partido Comunista do Japão, que praticamente dobrou o número de representantes, para 21 cadeiras. O partido já havia vencido nas províncias de Hokkaido e Okinawa.