Paquistão restabelece a pena de morte
Medida do governo retoma punição em casos de terrorismo após ataque do Taleban a escola em Peshawar na terça
Com o início do período de três dias de luto, famílias começam a enterrar jovens; ataque deixou 148 mortos
O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, suspendeu nesta quarta-feira (17) uma moratória sobre a pena de morte em casos de terrorismo.
A medida foi tomada um dia depois do ataque da milícia islâmica Taleban a uma escola administrada pelo Exército em Peshawar, no norte do país, que deixou 148 mortos, a grande maioria estudantes do local.
A tragédia deixou o país em choque e aumentou a pressão para que o governo se mobilize contra a insurgência do Taleban.
A moratória, imposta em 2008, suspendia a pena de morte, que era frequente.
Acredita-se que há mais de 8.000 presos condenados à morte no Paquistão, cerca de 10% por terrorismo, segundo o Justice Project Pakistan, organização que dá assistência a presos no país.
O terrorismo tem uma definição muito ampla na lei paquistanesa. Cerca de 17 mil casos de terrorismo esperam julgamento em tribunais especiais do país.
Um relatório do Justice Project Pakistan diz que aqueles que são condenados por terrorismo são, com frequência, torturados para confessar e não têm direito à defesa.
LUTO
O Paquistão amanheceu com bandeiras a meio mastro, colégios fechados e o início dos funerais dos mortos no ataque. O período de luto oficial durará três dias.
Vigílias com velas e rezas em mesquitas em honra aos mortos ocorreram ao longo de toda a noite.
Centenas compareceram ao enterro de Zeeshan Safdar em Nowshera, sua cidade natal, a 43 quilômetros de Peshawar. No meio da multidão, sua mãe gritava para que não lhe separassem do filho.
Osama Khalid também morreu no ataque e foi sepultado entre preces de sua comunidade em Peshawar. "Criei meu filho durante 20 anos e, em 20 minutos, esses terroristas o tiraram de mim", disse o pai do jovem.
Maria Farooqi, 14, foi assassinada na escola no mesmo dia que seu pai lhe prometeu um celular se tirasse boas notas nas provas. "Disse a ela que compraria um telefone se suas notas fossem bons", contou o pai após um grande enterro.