Reaproximação histórica
Acordo eleva procura por viagem a Cuba
Após Obama suavizar as restrições, agências de turismo de Miami já registram aumento do interesse sobre a ilha
Será permitida a viagem para workshops e torneios esportivos; turismo convencional depende do Congresso
"Visite Cuba em 2015 antes das multidões", dizia um anúncio no site de viagens norte-americano Travelzoo na última quinta-feira (18).
Embora as medidas que facilitarão viagens para a ilha caribenha mal tenham saído do papel, um aumento significativo do interesse já é sentido em agências de turismo nos EUA.
"Temos recebido muitas ligações de pessoas interessadas em viajar para Cuba. As pessoas ficam animadas por poder ir", disse Lourdes Cabrera, funcionária da agência Vita Travel, em Miami, na Flórida.
Atualmente, as idas à ilha são feitas por agências de viagem com permissão especial do governo e só estão autorizadas para cubanos e seus familiares vivendo nos EUA, jornalistas e pessoas envolvidas em atividades acadêmicas ou religiosas.
A única categoria de turismo permitida, aprovada por Barack Obama em 2011, é a chamada "people to people" [pessoa para pessoa], com foco no intercâmbio cultural entre os povos.
Agora, Obama vai autorizar também viagens com outros objetivos, como assistir a apresentações públicas e workshops e participar de competições esportivas.
Viagens para aproveitar as praias cubanas, porém, só poderão ser feitas se o Congresso aprovar novas mudanças.
"O people to people' deixava muita gente de fora interessada em ir a Cuba, pessoas que querem assistir a um balé no final de semana, participar de um congresso ou de uma competição. E agora temos recebido muitas ligações dessas pessoas", afirmou Vivian Mannerud, da Airline Brokers.
"Mas, até que as regras realmente sejam definidas ""o que imagino que deva acontecer nas próximas semanas"", não podemos fazer nada além de esperar."
Lourdes Cabrera, da Vita Travel, já sonha com o barateamento no preço das passagens aéreas com o aumento da demanda. Hoje, não há voos comerciais para Cuba, apenas fretados, o que aumenta o custo.
"É muito caro. É uma viagem de uma hora e vendemos as passagens a mais de US$ 500. Se as companhias passarem a operar voos para Cuba, isso pode ficar muito mais barato."
As empresas que são responsáveis hoje pelas viagens culturais a Cuba também estão ganhando com as novas medidas.
JoAnn Bell, vice-presidente da Road Scholar, especializada em turismo educativo, afirmou que a procura por esses pacotes cresceu muito nos últimos dias.
"Cuba sempre foi uma das líderes de vendas, mas desde quarta-feira (17) está superando todos os outros destinos", disse.
"Já vendemos todos os pacotes de janeiro a março, e estamos dobrando a capacidade para abril e maio. As pessoas querem ver Cuba agora, porque vai ser uma ilha diferente caso se torne comercial."