Imagens mostram destruição em vilas atacadas na Nigéria
Segundo Anistia Internacional e Human Rights Watch, Boko Haram provocou uma devastação catastrófica
Região do nordeste do país foi invadida por extremistas no dia 3; número de mortos pode ultrapassar 2.000
A Anistia Internacional e a Human Rights Watch publicaram nesta quinta-feira (15) imagens de satélite que mostram a destruição provocada pelo grupo radical islâmico Boko Haram na região de Baga, no nordeste da Nigéria.
As ofensivas da milícia vinculada à rede terrorista Al Qaeda teriam começado no dia 3. Segundo o governo nigeriano, cerca de 150 pessoas morreram, mas grupos de direitos humanos afirmam que as mortes passam de 2.000.
As imagens divulgadas pelas entidades mostram que pelo menos 3.700 estruturas, em sua maioria casas e pequenos comércios, foram destruídas. Nas fotos, os pontos vermelhos representam a vegetação, que também foi arrasada pelos militantes.
"As imagens mostram uma devastação de proporções catastróficas nas duas localidades, uma delas (Doro Gowon) praticamente foi varrida do mapa", denuncia o investigador da Anistia Internacional para a Nigéria, Daniel Eyre.
Ainda que não haja precisão no número de vítimas, a entidade acredita que este foi o ataque mais destrutivo da história do Boko Haram.
A Human Rights Watch estima que os ataques tenham destruído quase 60% de um vilarejo que abrigava uma base de uma força conjunta de Nigéria, Níger, Chade e Camarões que lutava contra o grupo radical islâmico.
A instabilidade na zona, porém, provocou a saída dos estrangeiros, deixando no local apenas nigerianos. Este é um dos motivos pelos quais o Boko Haram não tenha encontrado resistência para realizar o ataque na região.
A ONG também calcula que mais de 10% de Baga tenha virado cinzas. A porcentagem é considerada alta pela entidade, mas isso pode levar a pensar que o número de mortos não chegou aos 2.000.
Não é a primeira vez que Baga sofre um ataque de grandes proporções. Em 2013, o Exército nigeriano arrasou a cidade depois que membros do Boko Haram mataram um soldado num atentado supostamente lançado de lá.
Desde 2009, a violência da milícia e sua repressão pelas forças de segurança já deixaram 13 mil mortos e mais de 1 milhão de deslocados.
O grupo, cujo nome significa "a educação ocidental é proibida", luta para instaurar um califado (Estado islâmico) no norte da Nigéria.