Júri americano condena ex-agente da CIA
Para jurados, Sterling forneceu a jornalista dados sobre missão secreta no Irã
Um ex-agente da CIA (agência de inteligência dos EUA) foi condenado nesta segunda-feira (26) acusado de fornecer detalhes secretos de uma operação dos EUA para frustrar as ambições nucleares do Irã a um repórter do jornal "The New York Times".
Os jurados de um tribunal federal decidiram, no terceiro dia de deliberações, que Jeffrey Sterling, 47, é culpado de todas as nove acusações de que foi alvo.
No início do dia, os jurados haviam dito ao juiz que não poderiam chegar a um veredito unânime. Ao fim do dia, porém, após o juiz instá-los a continuar a analisar o caso, eles entregarem o veredito de que Sterling era culpado.
No julgamento, que durou duas semanas, o ex-agente da agência americana estava sendo acusado de ter fornecido ao jornalista James Risen detalhes sobre a missão secreta que o governo dos EUA realizava para minar o programa nuclear iraniano.
A ex-secretária de Estado Condoleezza Rice chegou a dizer que a missão era um dos segredos mais bem guardados do governo americano.
O julgamento vinha sendo adiado havia anos, e os procuradores vinham pressionando o jornalista para que divulgasse suas fontes.
Em janeiro do ano passado, Risen recorreu à Suprema Corte dos Estados Unidos contra uma ordem que o obrigava a revelar a fonte utilizada no livro que escreveu e no qual revelava segredos da agência de inteligência.
LIVRO
Em 2006, Risen publicou o livro "Estado de Guerra", no qual relata a tentativa da CIA de conseguir que um ex-cientista russo transmitisse ao Irã projetos nucleares com falhas para prejudicar o seu programa atômico, fazendo com que ele nunca chegasse a termo.
O jornalista acabou sendo intimado a depor contra o ex-oficial da CIA.
Na apelação à Suprema Corte, os advogados de Risen afirmaram que revelar a fonte de informação vai contra a liberdade de imprensa na investigação de supostas condutas irregulares do governo.
Risen acabou não sendo obrigado a depor quando ficou claro para os promotores que ele não revelaria suas fontes mesmo se acabasse preso por desacato.
A promotoria havia reconhecido que não havia provas diretas contra Sterling, mas disse que as provas circunstanciais contra ele eram esmagadoras.
Em seu livro, Risen descreve a missão da CIA como "irremediavelmente mal feita".
Ele afirmou ainda que os dados que seriam fornecidos ao Irã pelo cientista russo poderiam acabar sendo úteis caso os iranianos conseguissem separar as informações corretas das falsas.
A defesa de Sterling diz que é mais fácil que o jornalista tenha obtido informações sobre a missão com algum congressista.