Ataque do Hizbullah mata dois militares israelenses
Soldado espanhol que integrava força da ONU também morreu no conflito
Milícia xiita diz que ação foi represália a bombardeio de Israel que matou seis homens do grupo no dia 18
Um ataque da milícia xiita libanesa Hizbullah com foguetes antitanque contra um comboio de Israel, nesta quarta-feira (28), causou a morte de dois militares e deixou sete feridos.
O ataque ocorreu na região da chamada "fazendas de Shebaa", na tríplice fronteira entre Líbano, Síria e Israel.
A região, reivindicada pelo Líbano, pertencia à Síria e foi ocupada por Israel em 1967, na Guerra dos Seis Dias.
No comunicado em que assumiu a ação, o Hizbullah afirmou que ela foi executada pelo grupo Mártires de Al Quneitra.
A milícia informou que o ataque foi uma represália a um bombardeio contra o grupo feito por Israel no dia 18, na província síria de Al Quneitra, que matou seis membros do Hizbullah e um comandante da Guarda Revolucionária do Irã.
Militares israelenses informaram que cerca de uma hora após o ataque com os mísseis antitanque os libaneses atacaram outras posições israelenses, mas sem causar mais mortes.
Israel revidou os ataques lançando mísseis contra as regiões de Al Mayedia, Kafar Shuba, Al Abasiya e Al Uazani, bastiões do Hizbullah.
ONU
Durante os confrontos, morreu também o soldado espanhol Francisco Javier Soria Toledo, 36, que integrava a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul).
O porta-voz da Finul, Andrea Tenenti, disse que as circunstâncias da morte do soldado ainda estão sendo investigadas e não se sabe se ele foi vítima do ataque do Hizbullah ou das respostas israelenses.
Em Madri, o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, informou à imprensa que o militar foi morto na resposta israelense ao ataque do Hizbulah.
O premiê libanês, Tamam Salam, telefonou ao chefe da Finul, general Luciano Portolano, para expressar suas condolências pela morte do militar espanhol.
A força da ONU, que tem por missão criar uma "zona tampão" entre o Líbano e Israel, foi criada em 1978, com 4.500 homens, após Israel invadir o sul do Líbano. Atualmente conta com cerca de 10 mil integrantes, de 36 países.
ISRAEL
Em um comunicado, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, atribuiu ao Irã a culpa pelas mortes.
"Há tempos o Irã tenta criar, por meio do Hizbullah, uma frente terrorista adicional contra nós nas Colinas de Golã. Atuaremos com determinação e responsabilidade contra essas tentativas", afirmou antes de participar de reunião de emergência com o ministro da Defesa, Moshé Yaalón.
Walid Yumblat, líder dos drusos, pequena comunidade religiosa autônoma que vive no Líbano, em Israel, na Síria, na Turquia e na Jordânia, responsabilizou Netanyahu pelo ataque.
Segundo Yumblat, o premiê israelense quer reforçar sua posição na região às vésperas das eleições gerais, que foram antecipadas e acontecerão em 17 de março.
O líder druso diz que Netanyahu já fez isso ao lançar em Gaza, no ano passado, a operação Margem Protetora.
O Conselho de Segurança da ONU convocou para a noite desta quarta uma reunião de emergência para analisar a situação na fronteira entre Israel e o Líbano.