Assistente de jornalista alemã está detida há meses na China
Diário divulga caso após Pequim intimidar correspondente
A jornalista chinesa Zhang Miao está detida há quase quatro meses. Ela trabalhava como assistente da correspondente em Pequim do jornal alemão "Die Zeit", Angela Kockritz, que publicou um detalhado relato da campanha de intimidação que sofreu do governo chinês ao tentar ajudá-la.
A pressão fez Kockritz deixar a China abruptamente. O episódio aumentou o temor de que a repressão política, intensificada pelo governo desde a chegada ao poder do líder chinês, Xi Jinping, há dois anos, também se estenda à imprensa estrangeira baseada no país.
Zhang foi detida em outubro sob vagas acusações como "perturbação da ordem pública", conta Kockritz. Assistentes de correspondentes estrangeiros costumam sofrer pressão do governo e com frequência passam por questionamentos arbitrários. Mas quatro meses de detenção excedem até os autoritários padrões locais.
Ao tentar ajudar Zhang, a correspondente alemã também virou alvo de investigação do serviço de segurança chinês. Kockritz foi submetida a uma série de interrogatórios. A polícia a acusou de organizar um grupo de agitadores nos protestos contra o governo de Hong Kong, no ano passado.
Assustada com as acusações e após ser interrogada aos berros pela polícia, Kockritz deixou o país. De volta à Alemanha, ela decidiu divulgar o episódio depois que gestos diplomáticos para ajudar Zhang não avançaram.
"Já sabia que as leis na China só valem para servir os interesses do governo", escreveu. "Mas sentir na pele foi algo totalmente diferente."
O trabalho dos jornalistas, tanto chineses quanto estrangeiros, tornou-se mais difícil nos últimos dois anos, em meio ao perceptível aumento da censura.
Segundo o Comitê de Proteção dos Jornalistas, sediado em Nova York, a China é o país com mais jornalistas presos. A diplomacia alemã manifestou preocupação com o caso.