Raúl Castro pede fim do embargo para normalizar relações com EUA
Na Celac, ditador cubano enumera série de demandas, incluindo devolução de Guantánamo
Reaproximação entre Havana e Washington é tema dominante em cúpula; Dilma também pede fim do bloqueio
Em seu primeiro pronunciamento internacional desde o anúncio, em dezembro, de um acordo para a reaproximação com os EUA, o ditador cubano, Raúl Castro, enumerou na quarta (28) várias demandas para que a relação dos dois países seja normalizada.
Diante dos demais líderes reunidos para a cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em San José, na Costa Rica, Raúl destacou que o "problema principal", o embargo norte-americano ao país, ainda não foi resolvido.
Ele disse também não fazer "sentido" normalizar as relações se os EUA não retirarem Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo nem devolverem o "território ocupado ilegalmente pela base de Guantánamo".
As condições, contudo, não se aplicariam à reabertura das embaixadas.
"O estabelecimento das relações diplomáticas é o início de um processo de normalização, mas esta não será possível enquanto existir o bloqueio", afirmou.
A presidente Dilma Rousseff também discursou pelo fim do embargo. "Essa medida coercitiva, sem amparo do Direito Internacional, que afeta o bem-estar cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve ser superada."
No contexto da reaproximação, Dilma defendeu, novamente, o financiamento de US$ 800 milhões para as obras do Porto de Mariel, um projeto da Odebrecht. "O Brasil, ao financiar [essas] obras atuou em prol de uma integração abrangente", afirmou.
Raúl reconheceu que o fim do embargo --que depende da aprovação do Congresso americano-- será um "caminho longo e difícil", e por isso sugeriu que o presidente dos EUA, Barack Obama, use suas "capacidades executivas" para suavizá-lo.
Nas últimas semanas, Washington flexibilizou as regras quanto ao envio de remessas e à viagem de americanos à ilha. Raúl descreveu as medidas como "limitadas" e afirmou que não cederá na defesa de sua soberania.
"Não aceitaremos das contrapartes estadunidenses que se relacionem com a comunidade cubana como se, em Cuba, não houvesse um governo soberano", disse, em referência ao diálogo dos EUA com dissidentes sobre violações de direitos humanos na ilha.
A reaproximação tornou-se um dos principais temas da Celac, que é vista como um termômetro de como a questão será abordada na Cúpula das Américas, em abril, no Panamá --a primeira com a participação de Havana.