Jordânia pede prova de que piloto refém do Estado Islâmico está vivo
Extremistas haviam ameaçado matar jordaniano caso integrante da Al Qaeda não fosse libertada
Prazo dado pelo grupo expirou nesta quinta; famílias de piloto e de jornalista japonês em poder do EI fazem apelo
O governo da Jordânia exigiu do EI (Estado Islâmico)prova de que o piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh --sequestrado pelo grupo extremista-- ainda está vivo para, em troca, libertar Sajida al-Rishawi, integrante da rede Al Qaeda que está presa em Amã.
Em mensagem postada on-line na quarta (28) à noite, uma voz identificada como sendo do jornalista japonês Kenji Goto, outro refém do EI, diz que o grupo mataria o piloto caso a terrorista não fosse libertada na fronteira da Turquia até o pôr do sol.
O prazo venceu por volta das 13h desta quinta (29) no horário de Brasília, mas não houve novo contato dos extremistas islâmicos até a conclusão desta edição. Também não ficou claro o que ocorreria com o jornalista japonês se al-Rishawi não fosse solta.
O porta-voz do governo da Jordânia, Mohammed al-Momani, disse nesta quinta que a troca de presos estava suspensa e que al-Rishawi, condenada à morte por participação em atentados em 2005, permanecia presa no país.
"Queremos uma prova de vida do piloto jordaniano.Depois poderemos falar sobre a troca", declarou o porta-voz.
A família de al-Kaseasbeh disse não ter recebido nenhuma informação sobre o destino do piloto após o fim do prazo dado pelos militantes.
"Não recebemos nenhuma garantia de que ele esteja vivo nem temos pistas sobre em que ponto estão as negociações agora. Estamos esperando, apenas esperando", afirmou Jawdat, irmão do piloto.
O pai de al-Kaseasbeh, Safi, pediu aos captores que tivessem misericórdia do filho, também muçulmano: "O perdão é um valor islâmico".
Se efetivada, a troca de prisioneiros abriria um precedente para lidar com o Estado Islâmico --é a primeira vez que os extremistas fazem esse tipo de demanda. Os EUA, aliados da Jordânia, já disseram se opor à negociação.
MULHER DO JORNALISTA
A mulher de Kenji Goto, Rinko, afirmou ter trocado e-mails com os sequestradores do marido e disse que, de acordo com as mensagens, o piloto seria executado imediatamente caso o governo da Jordânia não atendesse às exigências dos extremistas.
"Peço ao governo jordaniano e ao japonês que entendam que o destino dos dois homens está em suas mãos", declarou Rinko, que tem com Kenji Goto uma filha recém-nascida e outra de dois anos.
"Nosso bebê tinha só três semanas de vida quando Kenji viajou. Espero que a nossa filha mais velha possa voltar a ver o pai", disse ela.
Goto aparentemente foi sequestrado na Síria em outubro enquanto tentava assegurar a soltura de Haruna Yukawa, cidadão japonês capturado em agosto. Yukawa foi declarado morto no sábado (24).
O piloto Kaseasbeh foi capturado quando seu caça F-16 caiu na Síria. Ele participava de ação da coalizão liderada pelos EUA, que vem bombardeando posições do EI em território sírio e iraquiano.