Laudo sugere suicídio de promotor argentino
Segundo perícia, tiro que matou Alberto Nisman foi disparado acima, e não atrás da orelha, como se especulava
Na véspera de ser achado morto, ele ligou a ex-chefe do serviço secreto; Nisman havia denunciado Cristina
Para tentar frear a onda de especulações que envolvem a misteriosa morte de Alberto Nisman, a promotora que investiga o caso, Viviana Fein, deu detalhes sobre o tiro que matou o promotor há quase um mês.
Em comunicado divulgado nesta segunda (9), Fein informou que o tiro que matou Nisman foi dado na têmpora direita, cerca de três centímetros acima da orelha. Isso reforça a tese de que o próprio promotor fez o disparo.
Rumores davam conta de que o tiro fora disparado atrás da orelha, o que dava força à hipótese de assassinato.
A Promotoria investiga se Nisman foi assassinado, se suicidou ou ainda se foi vítima de um suicídio induzido. Nenhuma das três hipóteses foi descartada até agora.
A agência de notícias argentina DyN afirma que o disparo foi feito de baixo para cima, mas Fein não confirmou nem negou a informação.
Outro esclarecimento feito pela promotora trata das ligações telefônicas de Nisman ao serviço de inteligência argentino. O ex-chefe do serviço secreto Antonio Jaime Stiuso fornecia informações ao promotor no caso que apurava suposta tentativa do governo de Cristina Kirchner de proteger suspeitos iranianos envolvidos no atentado à entidade judaica Amia, em 1994.
Fein afirma que foram vários os contatos telefônicos e que eles partiam do celular de Nisman. Ainda segundo a promotora, o registro das chamadas não revela o conteúdo da conversa, apenas a origem das ligações.
Stiuso foi convocado para depor no caso que investiga a morte de Nisman, mas ainda não foi ouvido. Os dois teriam conversado por telefone um dia antes de o promotor aparecer morto.
O ex-espião negocia com a promotora a proteção de sua identidade.
Embora tenha comandado o serviço de inteligência argentino durante todo o governo Kirchner, sua imagem não é conhecida. Os jornais argentinos exibem reproduções de uma foto de 2004. Neste domingo (8), o jornal "Perfil" mostrou uma foto que, segundo afirma, seria do ex-espião, hoje aposentado.
O Ministério de Segurança solicitou que Fein forneça proteção a Stiuso. Quando morreu, Nisman estava com escolta policial. Outros exames sobre a morte do fiscal passarão por uma contraprova, segundo a Promotoria.
O exame que investiga vestígios de pólvora em Nisman será refeito nesta semana --o primeiro deu negativo.