Após vídeo, Egito ataca milícia na Líbia
Força Aérea bombardeia bases do Estado Islâmico, em retaliação a imagem que mostrou 21 cristãos decapitados
Ataque abre nova frente no combate à facção, que é baseada na Síria e no Iraque e mantém uma 'filial' na Líbia
O Egito reagiu nesta segunda (16) ao vídeo divulgado na véspera pelo Estado Islâmico na Lìbia em que 21 cristãos egípcios são decapitados, bombardeando posições da milícia no país vizinho.
Os ataques abrem uma nova frente contra o EI, que já é atacado por países ocidentais e árabes na Síria e no Iraque, onde mantém suas principais bases.
Com os ataques, o Egito passa a se envolver abertamente no caos vivido pela Líbia desde a queda do ditador Muammar Gaddafi, em 2011.
Autoridades líbias e egípcias relataram que, nos ataques, aviões F-16 partiram de bases egípcias perto da fronteira com a Líbia e atingiram alvos do EI em Derna.
Militares informaram que esconderijos de armas e campos de treinamento da facção islâmica foram destruídos Cerca de 40 terroristas teriam morrido.
A Líbia, onde opera uma espécie de filial do EI, é hoje um dos países em que a milícia tem sua mais forte presença.
O ministro do Interior líbio, Omar al-Sinki, disse que cerca de 400 militantes do Iêmen e da Tunísia juntaram-se recentemente à milícia.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, pediu que Europa e EUA liderem uma ação coordenada contra o Estado Islâmico.
Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia, informou que se reunirá com autoridades do Egito e dos EUA nesta semana para discutir uma possível ação conjunta na Líbia. Ela ressaltou, porém, que ainda não se vislumbra uma ação militar.
PAÍS DIVIDIDO
Os jihadistas têm sabido se aproveitar da anarquia que vive a Líbia desde 2011.
As autoridades não conseguem controlar as dezenas de milícias formadas por antigos rebeldes. Dois grupos armados disputam o poder.
Um chefiado pelo general Khalifa Haftar, diz combater o terrorismo no leste com apoio do Parlamento e do governo reconhecidos pela comunidade internacional.
No oeste, o grupo Fajr Libya, formado principalmente por milícias de Misrata, tomou o controle da capital, Trípoli, em agosto, e instalou um governo paralelo.
O Conselho Supremo de Defesa do governo rebelde anunciou que levará um protesto formal à ONU pelo bombardeio egípcio.
REPERCUSSÃO
O papa Francisco telefonou nesta segunda ao patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, Teodoro 2º, para expressar suas condolências ao assassinato dos 21 cristãos.
Os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, a União Europeia, o Itamaraty, a Venezuela, o presidente russo, Vladimir Putin, o grupo palestino Hizbullah e o governo e os rebeldes sírios, entre outros, condenaram o assassinato dos 21 cristãos.