Para Dilma, prisão é "questão interna"
Presidente negou constrangimento por presença venezuelana no Planalto após detenção de prefeito oposicionista
PSDB pede ao governo que condene Maduro; EUA refutam acusação de envolvimento em suposta trama golpista
A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta (20) que a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, é assunto interno da Venezuela.
Ela deu a declaração após cerimônia de credenciamento de embaixadores no Palácio do Planalto, entre eles a nova representante venezuelana, Maria Lourdes Urbaneja Durant.
Dilma afirmou não sentir constrangimento pela presença de Durant, um dia depois da prisão de Ledezma. "Eu não posso receber um embaixador baseada em questões internas do país. Eu recebo os embaixadores baseada nas relações que eles estabelecem com o Brasil", declarou.
Na noite de sexta, o Itamaraty divulgou nota em que diz que o governo "acompanha com grande preocupação a situação na Venezuela" e "insta todos os atores envolvidos a trabalhar (...) pela manutenção da democracia". Não há menção à prisão no texto.
A atitude do governo tem sido a de evitar críticas diretas a Caracas e buscar uma mediação por meio da Unasul (União das Nações Sul-americanas). No entanto, o processo não produziu resultados concretos até o momento.
Em ocasiões anteriores, o Brasil, contudo, não hesitou em interferir em "questões internas" de vizinhos, quando aliados foram os alvos. Exemplos são o "impeachment-relâmpago" de Fernando Lugo no Paraguai, em 2012, e o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya, em Honduras, em 2009.
Em nota, o PSDB condenou a prisão de Ledezma, no que chamou de "escalada antidemocrática", e cobrou do governo uma condenação à atitude do governo Maduro.