EUA podem ter embaixada em Cuba até abril
Após negociação em Washington, representante americana fala em abrir representação antes da Cúpula das Américas
Negociadora cubana pede que americanos retirem o país da lista de Estados que apoiam o terrorismo global
Após a segunda rodada de negociações desde o anúncio, em dezembro, da retomada das relações diplomáticas entre Cuba e EUA, o governo norte-americano sinalizou nesta sexta-feira (27) que a reabertura de embaixadas nos dois países pode acontecer até o início de abril.
"Eu acredito, sim, que podemos fazer isso até a Cúpula das Américas", afirmou Roberta Jacobson, vice-secretária de Estado americana para o Hemisfério Ocidental, em entrevista após a reunião, em Washington.
O encontro, que será realizado na Cidade do Panamá nos dias 10 e 11 de abril, era tido como prazo extraoficial para a retomada oficial das relações desde que os presidentes de Cuba e EUA confirmaram presença no evento.
Jacobson e a chefe da diplomacia cubana, Josefina Vidal, expressaram otimismo após o encontro.
"Com o tipo de cooperação que tivemos hoje, eu definitivamente saio [do encontro] otimista, mas continuo comprometida e reconheço o trabalho que ainda precisa ser feito", disse a diplomata norte-americana.
Vidal, por sua vez, disse que recebeu garantias de que os EUA fariam progressos nos dois desafios restantes: a retirada de Cuba da lista norte-americana de países financiadores do terrorismo e a normalização das operações bancárias de oficiais cubanos nos EUA.
Questionada sobre a afirmação da cubana, Jacobson disse: "Espero que o que ela tenha ouvido seja o nosso compromisso de trabalhar duro nessas questões, e não garantias sobre como serão resolvidas."
A retirada de Cuba da lista é o principal ponto de discordância entre os dois países neste momento. Autoridades do regime comunista dizem que não é possível abrir uma embaixada nos EUA enquanto o país continuar na lista --que inclui, além de Cuba, o Irã, o Sudão e a Síria.
Nesta sexta, no entanto, Josefina Vidal descartou que a retirada da lista seja pré-condição para a retomada diplomática. "Mas é muito importante para Cuba e uma de nossas prioridades", disse.
O governo americano tem sustentado que as duas questões devem ser tratadas separadamente.
O secretário de Estado, John Kerry, afirmou que o restabelecimento das relações é um processo técnico que envolve uma série de negociações "relativamente normais", enquanto a presença de Cuba na lista de financiadores do terrorismo era um processo distinto e "não uma negociação."
De acordo com um funcionário do alto escalão do Departamento de Estado, o governo de Barack Obama está em vias de terminar a revisão da presença de Cuba na lista.
Caso Obama recomende a retirada do país, ele deve submeter um relatório ao Congresso provando que Cuba não forneceu nenhum apoio ao terrorismo internacional nos últimos seis meses.
Os congressistas podem encaminhar uma resolução conjunta para bloquear a ação. E, ainda que não o façam, têm 45 dias para revisar o relatório. Por causa deste prazo, não há tempo para concluir o processo antes da Cúpula das Américas --até lá, o governo de Cuba saberia, no entanto, se a Casa Branca fez ou não a recomendação.