Análise
Série traça um retrato otimista do que pode ser o nosso futuro
Uma das coisas mais surpreendentes a respeito da série "Jornada nas Estrelas" é o quanto ela ainda parece um futuro viável para a humanidade, mesmo tendo sido criada nos turbulentos anos 60.
Não custa lembrar que ela abraçou o conceito de que estrelas abrigam seu próprio sistema planetário, numa época em que isso não era garantido.
Astrônomos só foram descobrir o primeiro planeta em torno de outra estrela similar ao Sol em 1995. E hoje sabemos que mundos como a Terra são comuns no Universo.
A visão, portanto, de que o cosmos está permeado de vida e civilizações pode muito bem ser verdadeira.
"Jornada nas Estrelas" é um retrato otimista do que pode ser nosso futuro, em meio à tendência distópica da ficção científica.
Até o pacifismo da série, que colocou representantes de diversas etnias na ponte da Enterprise, é uma tendência que "Jornada nas Estrelas" previu antes que acontecesse, numa época em que a aniquilação nuclear durante a Guerra Fria parecia inevitável.
POLINIZAÇÃO CRUZADA
A série também ajudou a moldar nosso futuro tecnológico. As caixinhas que Kirk e Spock usavam para se comunicar lembram a forma dos nossos celulares.
O "tradutor universal", que ajudava os exploradores a se comunicar com alienígenas, não é muito diferente das traduções automáticas feitas por computador hoje.
E o primeiro ônibus espacial americano, usado apenas para testes atmosféricos, foi batizado Enterprise, em homenagem à série.
Num laboratório do Centro Espacial Johnson, em Houston, Texas, um grupo de físicos tenta até demonstrar a viabilidade da tecnologia usada na televisão para vencer as imensas distâncias interestelares: dobra espacial.
É a noção de fazer encolher o próprio espaço à frente da espaçonave, reduzindo brutalmente o tempo de viagem e permitindo vencer a barreira da velocidade da luz.
HUMANOS E ALIENÍGENAS
O que talvez seja a maior falha científica da série é mostrar todos os alienígenas como quase idênticos a nós.
Biólogos acreditam que formas de vida gestadas em outros mundos seguirão caminho evolutivo bem distinto do nosso, gerando formas que nem sequer podemos imaginar. Na série, isso permitia reutilizar cenários de filmes de época e produzir alienígenas com um pequeno esforço de maquiagem.
Uma falha até perdoável, a considerar o estado dos efeitos visuais nos anos 60.