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Chile rejeita eutanásia a jovem que gravou apelo à presidente
O governo do Chile rejeitou o pedido público de eutanásia feito pela adolescente Valentina Maureira, 14, que sofre de fibrose cística e está internada na UTI de um hospital da capital Santiago.
Sem avisar os pais, a menina gravou com seu celular um vídeo em que pediu à presidente Michelle Bachelet autorização para ser morta, o que é proibido no país.
"Peço para falar urgente com a presidente, porque estou cansada de viver com esta doença. Ela pode me autorizar a tomar uma injeção para dormir para sempre."
O vídeo foi publicado no site YouTube no início da semana e compartilhado por milhares de pessoas em todo o mundo nas redes sociais.
Nesta quinta (26), porém, o pedido foi rejeitado pelo governo chileno. "A lei em vigor não permite que o governo atenda a um pedido desta natureza", disse o porta-voz oficial, Alvaro Elizalde.
O pai de Valentina, Fredy Maureira, disse respeitar a decisão da filha. "Ela está cansada, tem 14 anos e sabe melhor do que ninguém como lidar com a doença. Ela quer descansar".
A adolescente foi internada no Hospital Clínico da Universidade Católica com insuficiência pulmonar, pancreática e hepática. O sistema público chileno garante o tratamento da doença.
Para conseguir melhorar, Valentina teria que passar por três transplantes. Segundo a equipe médica, ela não teve sinais de descompensação aguda nesta sexta-feira (27).
A fibrose cística acontece devido a uma mutação genética transmitida pelos pais. A doença estimula uma produção anormal de muco, provocando infecções no pulmão e no aparelho digestivo.
Quando os pais portam os genes, há 25% de chance de que os filhos tenham a doença. Foi o que aconteceu com os pais de Valentina.
Um dos irmãos, Michael, morreu em 1996 aos seis anos por complicações provocadas pela fibrose cística.
Assim como a maioria dos países latino-americanos, o Chile não permite a eutanásia. O país também proíbe a realização do aborto em quaisquer circunstâncias.