Policial que matou jovem negro nos EUA não será indiciado
Veredito de novembro foi mantido após novo relatório do Departamento de Justiça sustentar versão do agente branco Darren Wilson
O Departamento de Justiça americano não vai indiciar o policial Darren Wilson, 29, que matou o jovem negro Michael Brown em agosto de 2014 em Ferguson (Missouri).
O veredito do júri de Missouri, que liberou o policial em novembro, foi mantido.
"Não há evidências que desmintam que o policial Wilson de fato acreditasse temer por sua segurança", diz o relatório, feito pelo Departamento e pelo FBI, divulgado nesta quarta (4).
Ainda segundo o texto, os testemunhos de que Brown estaria se rendendo quando foi atingido não eram "críveis ou eram inconsistentes".
O jovem, que estava desarmado e acabara de furtar cigarros em uma loja de conveniência, foi morto com sete tiros pelo agente. Uma onda de protestos se multiplicou pelo país contra o abuso de violência policial contra a população negra.
O relatório da investigação também aponta inconsistências entre as testemunhas sobre a versão de que Brown teria erguido os braços na altura dos ombros com as palmas da mão para frente, dizendo "mãos ao alto, não atire" --frase que virou o slogan de várias manifestações.
Em uma segunda investigação feita pelo Departamento de Justiça, foi apontada uma "extensa cultura de discriminação racial" pela polícia e pelo sistema judiciário de Ferguson.
Em relatório divulgado na terça (3), o Departamento concluiu que a população negra (67% do total em Ferguson) sofre detenções, multas de trânsito e prisões de forma desproporcional.
"Temos que cicatrizar a desconfiança que existe entre a força policial e as minorias raciais", disse na quarta o secretário de Justiça, Eric Holder, que é negro. "A Polícia de Ferguson precisa tomar ações corretivas estruturais."
Holder disse ter feito recomendações para que seja criada uma "verdadeira polícia comunitária" na cidade."O Departamento de Justiça tem habilidades para implementar mudanças básicas."