Para ex-mulher, promotor foi assassinado
Sandra Arroyo Salgado diz que perícia que ela solicitou descarta 'com contundência' suicídio de Alberto Nisman
Promotora Viviana Fein, que investiga a morte de Nisman, vai chamar os peritos para que mostrem resultados
A ex-mulher do promotor Alberto Nisman, encontrado morto em janeiro, apresentou nesta quinta (5) o resultado de uma perícia paralela que havia encomendado. Segundo ela, a conclusão é que o promotor foi assassinado.
"O informe que apresentamos hoje descarta com contundência as hipóteses de suicídio ou acidente. Nisman foi vítima de um homicídio, sem sombra de dúvidas", disse Sandra Arroyo Salgado.
A perícia foi pedida por ela, que é juíza federal, a dois experientes profissionais argentinos: Oswaldo Raffo e Daniel Salcedo. O primeiro, segundo Salgado, conduziu mais de 20 mil autópsias.
Os dois avaliaram fotos do local onde Nisman foi encontrado morto e imagens da autópsia. Eles viram duas discrepâncias relevantes em relação à investigação oficial: o corpo foi movido de lugar e não há indícios de que ele tenha feito o disparo.
A ex-mulher disse que traz provas "científicas", que buscam revelar a verdade, embora reconheça a sensibilidade do tema para os líderes do país e a visibilidade que o caso ganhou no exterior.
Nisman apareceu morto um dia antes de apresentar ao Congresso detalhes de uma denúncia contra Cristina Kirchner e aliados. Ele acusava a presidente de tentar proteger suspeitos do Irã por um atentado em Buenos Aires em 1994 em troca de vantagens comerciais ao país.
Agora, quase dois meses após a morte, a promotoria não concluiu se ele foi assassinado, se cometeu suicídio ou se foi induzido ao suicídio.
Para Arroyo Salgado, investigar a hipótese de suicídio não levará a nada: "Alberto Nisman não se suicidou, o mataram", afirmou.
A perícia que ela pediu revela que Nisman ingeriu uma quantidade pequena de álcool antes de morrer.
Na terça (3), um site de notícias do Ministério da Justiça informou que Nisman teria uma elevada quantidade de álcool no sangue, o que reforçaria a tese de suicídio.
A versão foi desmentida tanto pela ex-mulher como pela promotora Viviana Fein, responsável pela apuração do caso. Fein disse que chamará os peritos de Arroyo Salgado para apresentar o resultado de sua investigação.
Sobre a mudança de lugar do corpo de Nisman, a promotora informou que chegou ao apartamento por volta de 1h30 da madrugada de segunda-feira, três horas após o corpo do promotor ser encontrado sem vida por sua mãe.
"Não posso me responsabilizar sobre o que pode ter ocorrido nessas três horas", disse Fein.
Quando chegou, ela disse que estavam no local agentes de polícia, a mãe do promotor e uma amiga, além do secretário nacional de segurança, Sergio Berni.