Cidade milenar no Iraque é destruída pelo Estado Islâmico
Militantes usam bombas e escavadeiras para demolir o sítio arqueológico de Hatra, construído há 2.000 anos
Na quinta, extremistas arrasaram com Nimrud, cidade fundada pelos assírios no século 13 a.C. e patrimônio da Unesco
Militantes da facção Estado Islâmico (EI) saquearam e danificaram a cidade histórica de Hatra, no noroeste do Iraque, disse neste sábado (7) o Ministério do Turismo e Antiguidades do país.
O sítio arqueológico de 2.000 anos de existência, a 110 km a sudoeste de Mossul, é patrimônio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde 1987.
Saeed Mamuzini, porta-voz em Mossul do Partido Democrático do Curdistão, disse que os militantes começaram a retirar artefatos de Hatra na quinta (5). Segundo ele, a destruição foi iniciada no sábado, com a chegada de bombas e escavadeiras ao local.
Apesar de o ministério ainda não ter recebido quaisquer fotos que confirmem a destruição de Hatra, moradores afirmaram ter ouvido explosões. Segundo seus relatos, testemunhas viram os militantes destruindo grandes prédios da cidade.
Hatra foi uma grande cidade fortificada durante o Império Parta (247 a.C.-224 d.C.) e capital do primeiro reino árabe. Acredita-se que o antigo centro comercial resistiu a invasões romanas nos anos 116 e 198 graças a muros espessos reforçados por torres.
Na quinta (5), a milícia saqueou artefatos de Nimrud, usando escavadeiras e tratores para destruir as ruínas históricas da cidade assíria, fundada no século 13 a.C. Para a Unesco, os atos em Hatra a Nimrud correspondem à "limpeza cultural".
Há uma semana, os combatentes divulgaram um vídeo em que apareciam esmagando estátuas e gravuras em um museu de Mossul, que abriga inestimáveis artefatos assírios e helenísticos de 3.000 anos de idade.
O EI, que governa um autoproclamado califado em partes da Síria e do Iraque, promove uma interpretação amplamente purista do islamismo sunita que se inspira no início da história islâmica. A facção rejeita santuários religiosos de qualquer tipo e chama os xiitas de hereges.
Para o ministério iraquiano, a falta de uma dura resposta internacional às ações do Estado Islâmico contra locais históricos encorajou a milícia a ter sua campanha.