Oposição não poderá mudar acordo com Irã, declara Kerry
Secretário de Estado dos EUA afirma, em audiência no Senado, que negociação é prerrogativa do Executivo
Declaração é resposta a carta assinada nesta semana por senadores republicanos opondo-se a diálogo com iranianos
O que deveria ser uma audiência para discutir o pedido de autorização do presidente dos EUA, Barack Obama, para combater o Estado Islâmico acabou se tornando uma oportunidade para que senadores republicanos debatessem com autoridades do governo as negociações para um acordo sobre o programa nuclear do Irã.
Em depoimento do Comitê de Relações Exteriores do Senado nesta quarta-feira (11), o secretário de Estado, John Kerry, afirmou que os congressistas não poderão promover nenhuma modificação no pacto caso ele ocorra, apesar das ameaças da oposição.
A afirmação foi uma resposta à carta assinada por 47 senadores republicanos, divulgada nesta semana, em que os legisladores afirmaram que um acordo com o governo de Teerã só duraria enquanto Obama permanecer no cargo --até o início de 2017.
"Quando [a carta] diz que o Congresso poderia mudar os termos de um acordo a qualquer momento, isso está simplesmente errado. Vocês não têm o direito de mudar um pacto executivo entre líderes de países", disse Kerry.
Além disso, afirmou, o futuro presidente continuaria a honrar o acordo desde que o Irã cumprisse sua parte e os outros aliados nas negociações --Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China-- mantivessem seu apoio.
"Eu gostaria de ver o próximo presidente, se todos esses países dissessem que [o pacto] é bom e está funcionando, virar as coisas e anular isso em nome dos Estados Unidos", disse o secretário. "Isso não vai acontecer."
As negociações do acordo, que visa evitar que o Irã desenvolva armas nucleares, são o maior ponto de discórdia entre Obama e a oposição no campo da política externa.
Legisladores do Partido Republicano se opõem às conversas e geraram mal-estar diplomático entre os EUA e Israel ao levar o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, para discursar contra o acordo no Congresso.
Kerry participará de nova rodada de discussões na próxima semana. Um rascunho do pacto deve estar pronto até o fim deste mês para que as negociações sigam até junho, quando sai a versão final.
COMBATE AO EI
Nesta quarta, os senadores democratas voltaram a dizer que têm preocupações em relação à proposta de Obama para uma campanha militar contra o Estado Islâmico, considerada ampla demais.
"Os democratas não estão dispostos a dar a esse ou a qualquer outro presidente um cheque em branco", disse o senador Robert Menendez.
Na opinião dos republicanos, por outro lado, os poderes dados pela autorização seriam limitados demais.