Venezuela faz exercícios militares em meio à nova tensão com EUA
Ensaios, que terão navios russos, devem durar dez dias e vêm após sanções americanas ao país
Treinamentos terão 100 mil homens --20 mil civis-- e movimentação de carros blindados na divisa com a Colômbia
Em meio a uma escalada das tensões com os EUA, a Venezuela iniciou neste sábado manobras militares que se estenderão por dez dias em todo o país e terão participação de navios russos.
Batizados de "escudo bolivariano", os exercícios terão participação de 100 mil pessoas, entre os quais 20 mil civis, segundo o governo.
Em Caracas, o primeiro dia de manobras teve apenas uma marcha e uma assembleia em um ginásio nos arredores de Caracas, onde a Folha constatou que praticamente não havia civis, embora o governo insista em que se trate de uma iniciativa para unir Forças Armadas e população na defesa do país.
"Parabenizo as Forças Armadas e o povo pelos exercícios conjuntos para garantir a soberania e a paz da nossa pátria", disse no Twitter o presidente Nicolás Maduro, que estava na Nicarágua.
O governo anuncia que haverá nova marcha neste domingo em Caracas.
De acordo com o ministro venezuelano da Defesa, general Vladimir Padrino López, os exercícios incluirão desembarque de infantaria em zonas de refinarias de petróleo, movimentação de blindados na região fronteiriça com a Colômbia e ensaios com sistema antiaéreo russo.
Os exercícios são uma resposta de Maduro a um decreto firmado na semana passada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que tachou a Venezuela de ameaça à segurança nacional americana e impôs sanções contra sete funcionários venezuelanos.
Maduro afirmou que o decreto antecede uma possível invasão americana e pediu ao Parlamento que lhe conceda poderes especiais como parte da Lei Habilitante.
Dominado por governistas, o Legislativo deve aprovar o pedido neste domingo, dando a Maduro a possibilidade de governar por decreto em temas de segurança nacional pelos próximos seis meses.
UNASUL
Em reunião em Quito (Equador), os 12 chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-americanas) exigiram em nota que os EUA retire as sanções impostas a membros do governo da Venezuela na segunda-feira passada.
"A medida é uma ameaça e uma ingerência à soberania e ao princípio de não intervenção em assuntos internos de outros Estados", afirma a nota conjunta.
O grupo diz que a situação na Venezuela deve ser resolvida pelos mecanismos previstos em sua Constituição.