Estado Islâmico assume ataque na Tunísia
Em áudio, milícia reivindica atentado que deixou 23 mortos em museu da capital, a maioria turistas estrangeiros
Autoridades prendem nove pessoas e enviam Exército para as ruas pela 1º vez após queda de ditador, em 2011
A milícia radical Estado Islâmico reivindicou o ataque armado ao Museu do Bardo, uma das principais atrações turísticas da Tunísia, que deixou 23 mortos e mais de 50 feridos na quarta-feira (18).
Um dia após o atentado, as autoridades tunisianas prenderam nove suspeitos de envolvimento no crime e enviaram o Exército às ruas para reforçar a segurança na capital, Túnis, e outras cidades.
É a primeira vez que o governo do país usa a força armada para patrulhamento desde o fim da revolta que derrubou o ditador Zine el-Abidine Ben Ali, em 2011.
O Estado Islâmico reivindicou o atentado em um áudio divulgado em sites jihadistas. Nele, eles chamam o museu, que abriga mosaicos do Império Romano e vestígios de civilizações antigas, de "antro de infiéis e imorais".
E ameaçou com novos ataques: "Dizemos aos apóstatas que estão assentados no seio da Tunísia muçulmana: esperem as boas novas que vão feri-los, impuros. O que vocês viram hoje é apenas a primeira gota de chuva".
O governo tunisiano não confirmou se a milícia é realmente responsável pela ação, mas afirma que os dois atiradores mortos no ataque, Yassine Labidi e Hatem Khachnaoui, viajaram em setembro à vizinha Líbia para treinar em uma célula da facção.
As autoridades também anunciaram a prisão de quatro pessoas ligadas diretamente aos atiradores e outras cinco que pertenciam à mesma célula terrorista.
Embora seja o país politicamente mais estável do norte da África, a Tunísia é um dos principais fornecedores de combatentes para o Estado Islâmico na região.
Segundo o governo local, mais de 2.400 pessoas deixaram o país para se unir à milícia radical nos últimos dois anos. Destas, 500 conseguiram voltar ao país.
O ataque é o segundo da facção contra turistas estrangeiros no norte da África. Em 27 de janeiro, a célula líbia do Estado Islâmico matou dez pessoas dentro de um hotel de Benghazi, na Líbia.
Outro ponto em comum com o modo de atuar dos extremistas é usar lugares históricos como alvo. Nas últimas semanas, o Estado Islâmico destruiu um museu e cidades fundadas pelos assírios no norte do Iraque.
TURISMO
O atentado pode levar a uma forte queda no turismo da Tunísia, uma das principais fontes de renda do país.
As operadoras de cruzeiros MSC e Costa cancelaram as paradas em Túnis por tempo indeterminado. Dos 23 mortos, 20 eram passageiros de navios das empresas.
Durante a tarde, a parte externa do museu foi aberta para 500 pessoas que fizeram um ato contra o atentado e uma homenagem às vítimas.