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Netanyahu se desculpa com árabes por fala
No dia da eleição, premiê advertiu seus apoiadores que eleitores árabes estavam comparecendo em massa às urnas
Nesta segunda, ele já tinha conseguido apoio de 67 integrantes do Parlamento para tentar formar o novo governo
Menos de uma semana após as eleições legislativas em Israel --das quais seu partido, o Likud, saiu vencedor--, e após duras críticas dos EUA e de grupos políticos israelenses, o premiê Binyamin Netanyahu pediu desculpas nesta segunda-feira (23) por seus comentários sobre o voto dos árabes no pleito.
"Sei que as coisas que disse há poucos dias feriram alguns cidadãos e feriram os árabes de Israel. Não tinha a intenção de fazê-lo e peço desculpas por isso", afirmou o primeiro-ministro.
Na terça-feira passada (17), dia das eleições, Netanyahu advertira, em uma transmissão de vídeo on-line, que árabes estavam comparecendo em massa para votar, transportados por ônibus pagos por ONGs de esquerda e por governos estrangeiros.
O primeiro-ministro conclamou então os apoiadores de seu partido a irem às urnas para tentar impedir a derrota da direita.
Cerca de 20% dos cidadãos israelenses são de origem árabe e tendem a rejeitar o Likud e Netanyahu.
Analistas não descartam que a fala do premiê, chamada de "desesperada", tenha tido influência no resultado final da eleição.
Na eleição, o Likud obteve 30 cadeiras no Parlamento, surpreendendo as pesquisas, que mostravam a sigla atrás da União Sionista, de centro esquerda.
Nesta segunda, após as críticas, o chefe do Executivo se referiu à sua atitude.
"Vejo-me como primeiro-ministro de cada um de vocês, de todos os cidadãos israelenses, sem distinção de religião, raça ou gênero", afirmou o premiê.
Os comentários de Netanyahu foram criticados no fim de semana tanto pela Casa Branca como por árabes e por Isaac Herzog, da União Sionista, que deve ser o líder da oposição nessa próxima legislatura.
O governo americano não escondeu a irritação com a guinada direitista de Netanyahu. Além da polêmica declaração sobre os árabes, ele também descartou a criação de um Estado palestino sob seu governo --mas recuou na última sexta-feira.
Os EUA ameaçam até rever a tradicional posição de apoio político total a Israel em resoluções contra o Estado judaico apresentadas na ONU.
NOVO GOVERNO
Nesta segunda, Netanyahu já tinha assegurado o apoio de ao menos 67 parlamentares entre os 120 membros da Casa para formar um novo governo.
A tarefa deverá ser confiada a ele pelo presidente Reuven Rivlin nesta quarta-feira (25), após a publicação oficial dos resultados da eleição.
Nesta terça, o chefe de gabinete da Casa Branca, Denis McDonough, disse que o novo governo de Israel deve demonstrar "com ações" seu compromisso no processo de paz com os árabes.
"Os comentários do premiê na véspera da eleição, quando deixou muito claro que não se criará um Estado palestino enquanto ele for premiê, foram muito preocupantes", disse McDonough em discurso ao J Street, grupo israelense de ação política.