EUA desaceleram retirada do Afeganistão
Obama anunciou que 9.800 militares permanecerão até o fim de 2015; inicialmente, número seria reduzido para 5.500
Decisão atende a pedido de presidente afegão, que espera temporada de fortes combates e de luta contra o EI no país
Em um movimento já esperado, o presidente Barack Obama anunciou nesta terça-feira (24) que os Estados Unidos vão reduzir o ritmo de retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.
A decisão atende ao pedido do presidente afegão, Ashraf Ghani, reforçado em sua primeira visita a Washington, após seis meses no poder.
Com isso, permanecerão no país até o fim deste ano 9.800 soldados. O plano inicial era que o número fosse reduzido para 5.500 nos próximos meses.
"O Afeganistão continua sendo um lugar bastante perigoso", afirmou Obama, em entrevista coletiva ao lado do líder afegão.
"No ano passado, eu anunciei o cronograma para a retirada das nossas tropas, e deixei claro que estamos determinados a preservar os nossos ganhos no país. O presidente Ghani pediu uma flexibilização nessa agenda", disse o presidente americano.
Ghani havia solicitado a Obama que freasse a retirada porque as forças afegãs estão se preparando para uma temporada de fortes combates e também estão lutando contra integrantes da milícia radical Estado Islâmico (EI), que tem recrutado combatentes no território afegão.
De acordo com o presidente americano, "esta flexibilidade reflete a parceira revigorada com o Afeganistão".
Na entrevista, o líder afegão agradeceu aos soldados e à população americanos pelo apoio no país e afirmou que a extensão do prazo permitirá que o Exército de seu país se prepare melhor para a retirada total das tropas americanas, no fim de 2016.
"Muito nos une, e a flexibilidade que nos foi dada para 2015 será usada para acelerar reformas que assegurem que as forças de segurança afegãs sejam mais bem lideradas, equipadas, treinadas e estejam focadas em sua missão fundamental", disse Ghani.
RETIRADA TOTAL
Obama ressaltou que a data de retirada total, no ano que vem, será mantida.
Ele admitiu, no entanto, que com a nova decisão, soldados americanos que esperavam voltar para casa terão de permanecer no Afeganistão por mais alguns meses.
Segundo o presidente, o tempo extra no país "valerá bastante a pena".
"Estamos fazendo isso para que não precisemos voltar, para que não precisemos responder a uma situação de emergência porque atividades terroristas estão sendo executadas do Afeganistão", disse Obama.
O presidente destacou que "é importante ter em perspectiva", em primeiro lugar, que os EUA já reduziram suas tropas no país de 100 mil para menos de 10 mil. "E que elas não estão na linha de frente porque não estão em combate", destacou.
Em novembro do ano passado, no entanto, o presidente americano autorizou discretamente o envolvimento de soldados dos EUA em novas missões de combate.