Copiloto escondeu doença, diz Promotoria
Problema seria mental, segundo alguns veículos de imprensa; atestado médico é encontrado em apartamento
Alemão é acusado de derrubar Airbus nos Alpes, matando 150; vizinhos o descrevem como pessoa discreta
A Promotoria de Düsseldorf, na Alemanha, informou nesta sexta (27) ter encontrado provas de que o copiloto Andreas Lubitz, 27, teria ocultado da companhia aérea Germanwings que sofria de um problema médico não especificado pelos promotores.
Segundo o jornal americano "The New York Times" e a revista alemã "Der Spiegel", tratava-se de doença mental --as duas publicações, porém, não divulgaram detalhes.
Lubitz é acusado de ter derrubado de propósito nos Alpes franceses um Airbus A320 da empresa alemã que fazia a rota entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf na terça (24). Ele e as demais 149 pessoas a bordo morreram.
Segundo os promotores, os documentos eram um atestado que o afastava do trabalho e prescrição de remédio para a doença. Os dois foram achados rasgados no apartamento de Lubitz em Düsseldorf.
Os investigadores afirmam que as prescrições foram feitas horas antes do acidente, o que sustenta a versão de que ele teria ocultado a doença da empresa e dos colegas.
A Promotoria negou, no entanto, a existência de prova de que o copiloto teria agido por motivação política ou religiosa. Também não encontrou carta de despedida.
Após a entrevista dos promotores, o jornal "Süddeutsche Zeitung" relatou que o atestado foi feito por um psiquiatra que teria detectado problemas psicológicos em Lubitz, informação não confirmada pelas autoridades.
Em nota, o hospital da Universidade Heinrich Heine de Düsseldorf disse que Lubitz foi paciente de fevereiro até o dia 10 de março. Devido às regras de confidencialidade médica, o hospital não divulgou detalhes da doença, mas negou que fosse depressão.
Na quinta (26), o diretor-executivo da Lufthansa, Carsten Spohr, disse que nada no passado do copiloto sugeria riscos e que ele passara por todos os testes "com louvor".
VIZINHOS
Lubitz morava num prédio branco de apenas seis apartamentos em Unterbach, bairro de classe média alta de Düsseldorf. Dividia o apartamento com uma mulher, que supõe-se ser sua namorada.
Ursula Moosig, 64, que mora no prédio ao lado, diz que o copiloto trocava poucas palavras com moradores do bairro. "Era pessoa muito discreta e pouco vista por aqui."
Ela viu Lubitz pela última vez de duas a três semanas atrás. "Parecia normal, apenas abanou de dentro do carro, como fazia geralmente."
Habib Hassami, dono de restaurante onde o copiloto costumava comprar pizzas e levar para comer em casa, diz que ele era uma pessoa educada e simpática. "Sempre o via com um sorriso no rosto."
No prédio em que Lubitz morava, os vizinhos se recusaram a falar à imprensa.