Para emergentes, internet influi em moral
Segundo pesquisa, população considera influência da web sobre a moralidade negativa; sobre a educação, é positiva
Brasileiros, porém, avaliam a internet de forma melhor, vendo como positivo seu efeito inclusive sobre política
Em 32 países emergentes ou em desenvolvimento, inclusive Brasil, Rússia, Índia e China, a internet é vista como uma influência positiva sobre a educação, mas negativa sobre a moralidade.
Esse é o principal resultado de uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Pew Research Center, instituto sediado em Washington, nos Estados Unidos.
No caso de educação, 62% dos entrevistados, em média, afirmaram que a web influencia positivamente, contra 18% que veem efeito negativo.
Quanto à moralidade, 42% apontaram influência negativa, contra 29% de positiva.
O Pew evitou definir o que é moralidade para os entrevistados.
"Estávamos procurando aspectos de vida que as pessoas pudessem entender", diz o pesquisador Jacob Poushter, que coordenou o levantamento.
Ele observa que os brasileiros revelaram avaliação melhor da internet nesse e noutros aspectos. Contra a corrente, 39% no país veem uma boa influência sobre a moralidade.
Também contra a corrente, 52% dos brasileiros veem um efeito positivo da web sobre a política. Nesse quesito, na média dos 32 países, há um equilíbrio entre avaliação positiva e negativa (36% e 30%).
"Os brasileiros parecem ter uma visão um pouco mais favorável sobre a influência da internet", diz Poushter.
Outro ponto em que o Brasil se afasta da média dos 32 países --juntamente com outras nações de maior porte como China e Rússia-- é quanto ao comércio eletrônico, o uso da web para compra de produtos.
"Na China, sites como Alibaba e Baidu ampliaram o número de pessoas que dizem adquirir produtos on-line", diz Poushter, acrescentando que, no Brasil, o cenário é semelhante.
INTERNET E INGLÊS
Um aparente detalhe nos resultados foi o que mais chamou a atenção dos pesquisadores do Pew: em todos os países do levantamento, falar inglês aumenta a probabilidade de acessar a internet.
Por exemplo, no Brasil, 87% dos que "conseguem falar ou ler um pouco de inglês" acessam a web. Entre os que não sabem inglês, o percentual cai para quase metade, 44%.
Proporções semelhantes foram encontradas do México à Rússia --e também nos grupos com renda e educação diferentes.
Surpreendido, o Pew convocou uma reunião sobre o tema e levantou duas explicações hipotéticas.
Uma é que os principais sites hoje, como Google e Facebook, são em inglês. A outra é que as pessoas que aprendem inglês como segunda língua são mais curiosas e, portanto, seriam mais propensas a usar a internet.
"Mas só sabemos mesmo é que isso acontece em todos os países", diz Poushter, citando até a China, onde quem sabe inglês é mais propenso a usar a web --ainda que a rede no país seja dominada por sites em chinês.
"Com certeza, é algo que vamos pesquisar mais", conclui o pesquisador.
"É mais do que só a disponibilidade dos sites em inglês. Diz mais, eu penso, sobre um mundo globalizado."