EUA retomam ajuda militar para o Egito
Envio de material bélico havia sido suspenso em 2013, pouco após a derrubada do presidente Mohammed Mursi
País vai enviar 12 caças F-16, 20 mísseis e 125 kits de artilharia para tanques para ajudar no combate a jihadistas
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizou nesta terça-feira (31) a retomada do envio de material militar ao Egito.
A ação é uma tentativa de aumentar a contribuição do país no combate ao terrorismo e a extremistas islâmicos.
Em uma ligação telefônica nesta terça (31), Obama informou o presidente do Egito, o general Abdel Fatah al-Sisi, sobre o fim do embargo à entrega de aviões de combate F-16, de mísseis Harpoon e de peças de reposição para tanques, disse a Casa Branca.
O comunicado do governo americano diz que a decisão "deve permitir atender aos interesses comuns dos dois países em uma região instável".
No telefonema, Obama disse ao general que continuará a pedir ao Congresso americano uma ajuda anual de US$ 1,3 bilhão para o Egito em assistência militar.
Anualmente, os EUA entregam US$ 1,5 bilhão ao Egito --sendo US$ 1,3 bilhão para o setor militar.
MURSI
A suspensão do envio de equipamentos militares havia sido decidida pelos EUA em outubro de 2013, após a sangrenta repressão aos partidários do presidente Mohammed Mursi, que havia sido eleito um ano antes.
Mursi foi destituído do poder pelo Exército egípcio em 3 de julho de 2013. O general Sisi foi o principal articulador da sua derrubada.
Segundo informações da Casa Branca, os Estados Unidos enviarão 12 caças F-16, 20 mísseis Harpoon e até 125 kits de artilharia para tanques.
O país da norte da África havia pedido a retomada do repasse de armamentos americanos devido, entre outros motivos, ao crescimento do movimento extremista na região da fronteira com a Líbia, a oeste, e na península do Sinai, no leste do país.
O Egito participa ainda de uma coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita que combate os rebeldes xiitas houthis que tentam tomar o poder no Iêmen.
CONTROVÉRSIA
Segundo a Casa Branca, as sanções foram levantadas após Washington se certificar de que o Egito voltou à ordem democrática com a eleição de Sisi, em 2014, apesar de o país ainda não manter um padrão de respeito às leis e aos direitos humanos.
Quando comunicou a decisão ao presidente egípcio, Obama se disse preocupado com o aumento de prisões de ativistas contrários ao governo, assim como em relação às restrições aos direitos de manifestação e de liberdade de expressão.
O governo egípcio, que proíbe manifestações de dissidentes, declarou a Irmandade Muçulmana como grupo terrorista e condenou centenas de adversários políticos à prisão.
Eles são acusados de incitar a violência nos protestos anteriores à queda de Mursi.