Palestinos aderem oficialmente ao Tribunal Penal Internacional
Gesto pode levar a acusação de crimes de guerra contra israelenses
Os palestinos aderiram formalmente nesta quarta-feira (1º) ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, numa ação que pode abrir caminho para autoridades israelenses serem acusadas de crimes de guerra.
A adesão ao TPI foi assinada pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Na prática, os palestinos agora também podem ser alvo de julgamentos.
Além de pressionar Israel, a entrada na corte de Haia é um gesto político na estratégia palestina de reconhecimento de seu Estado em meio aos sucessivos fracassos de negociação de paz na região.
Aliado dos EUA, o governo de Israel, que não integra o TPI, reagiu afirmando que o movimento em Haia é "político, cínico e hipócrita".
Os palestinos são o 123º membro do tribunal. A cerimônia de adesão ocorreu a portas fechadas com a presença de representantes de mais de cem países.
Abbas entregou aos promotores do TPI documentos que pedem a apuração da ofensiva militar de junho e agosto do ano passado que, segundo a ONU, matou pelo menos 2.000 palestinos, sendo 1.500 civis. Ao todo, 73 israelenses morreram, sendo 67 soldados. O ano de 2014 é considerado o mais sangrento desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
"Em razão das injustiças e dos crimes cometidos contra os palestinos, estamos buscando justiça, não vingança", afirmou o ministro de Relações Exteriores dos palestinos, Riyad al-Maliki.
Segundo ele, a oposição de Israel à adesão ao tribunal é incompreensível, ao menos que haja algum "medo" do que possa ser descoberto.
Em tese, o tribunal pode investigar israelenses, embora possa encontrar barreiras para puni-los na prática, já que não tem força policial.
Os palestinos sabem que um processo desse tipo pode levar anos até ser concluído. "Não estamos num momento de ameaças. Queremos dar ao tribunal o tempo suficiente para fazer uma análise preliminar", disse Malki.
Em nota, Israel disse que a Autoridade Palestina não pode ameaçar com processos na corte internacional porque tem se "associado" ao movimento islâmico Hamas, acusado pelos israelenses de cometer crimes na região.