Análise
Crise iemenita pode se intensificar com uma eventual intervenção do Egito
A crise do Iêmen, já transformada numa guerra civil, poderá se expandir com a ameaça de intervenção do Egito. Trata-se de um conflito que recria essencialmente a chamada "teoria dos dominós", de Henry Kissinger, no auge da Guerra Fria, quando as potências moviam lideranças regionais a seu favor como se estivessem participando de um jogo geopolítico.
É o que acontece no Iêmen. Arábia Saudita e Irã estão empenhados numa disputa estratégica de poder. Teerã opera nos bastidores a queda do regime liderado pelo presidente Mansour Hadi, um aliado dos sauditas. Contra ele operam forças armadas por Teerã, as milícias houthis, apoiadas também por forças da Al-Qaeda, do Estado Islâmico e de facções sírias que se opõem a Bashar al-Assad.
O que move a Arábia Saudita em sua intervenção militar direta no Iêmen, onde a força aérea real está destruindo inúmeras posições dos houthis, é sobretudo o medo de ter que se defrontar com um Irã xiita dotado de poder militar atômico.
Junto com Riad nesse esforço de guerra estão os Emirados Árabes Unidos, o Qatar, Bahrein e o Kuait.
O líder egípcio, general al-Sissi, acaba de declarar que, em resposta aos apelos do legítimo governo iemenita, o Egito apoia as iniciativas políticas e militares empreendidas pela coalizão liderada pelos sauditas como parte de sua responsabilidade com a segurança da região.
O presidente revelou que o Egito mantém estreita coordenação com a Arábia Saudita e os países do Golfo, com vistas à participação da Marinha e da Força Aérea egípcias e tropas terrestres, se necessário, como apoio direto à coalizão.
Apoiados pelo Irã, os rebeldes xiitas ocupam a maior parte da cidade de Taiz, no sudoeste do Iêmen, cuja população é majoritariamente sunita.
Os houthis estão prestes a irromper no porto de Áden, para controlar efetivamente o ponto crítico naval do estreito de Bab-el-Mandeb.
Existem barreiras a esse avanço rebelde, mas os observadores militares preveem que os houthis logo ocuparão Áden.
Para se ter uma ideia da importância estratégica de Áden, basta dizer que até poucos anos atrás cerca de 4 milhões de barris de petróleo cruzavam o estreito de Bab-el-Mandeb diariamente. O estreito conecta o Mar Vermelho com o Golfo de Áden.