Conflito cresce em cidade no sul do Iêmen
Milicianos xiitas e forças pró-governo disputam o controle de Áden bairro por bairro, apesar de ataques sauditas
Confronto piora crise humanitária no país; Cruz Vermelha pede a sauditas que liberem chegada de remédios
A batalha entre rebeldes xiitas e forças aliadas ao presidente do Iêmen, o sunita Abdo Rabbo Mansur al-Hadi, se intensificou nesta segunda-feira (6) na cidade portuária de Áden, no sul do país.
Segundo a agência de notícias AFP, pelo menos 53 pessoas morreram em confrontos em Áden, mas relatos de combatentes e testemunhas dão a entender que o número pode ser maior.
Nas últimas horas, milicianos houthis e forças aliadas do ex-ditador Ali Abdullah Saleh atacaram o bairro de Moalla, dominado por combatentes leais a Hadi.
Os acessos à área, uma península que concentra prédios estatais e instalações portuárias, foram dominados pelos houthis, deixando as forças pró-governo sitiadas.
Diante do cerco, eles chegaram a pedir pelos alto-falantes das mesquitas que os moradores do bairro reforcem os comitês populares.
Áden abriga o maior porto do Iêmen e é próxima do estreito que liga o golfo Pérsico ao mar Vermelho, por onde passam cerca de 4 milhões de barris de petróleo por dia.
Os enfrentamentos entre os houthis e os aliados do governo também acontecem em outras cidades, como Dhaleh, Zinjibar e Al Anad. Ao todo, 140 pessoas morreram em confrontos em todo o país.
O conflito cresce apesar da intervenção de uma coalizão internacional liderada pela Arábia Saudita, que há 13 dias bombardeia áreas dominadas pelos houthis, que são respaldados pelo Irã.
Os ataques, porém, não impediram o avanço dos xiitas, que forçaram a saída do presidente em janeiro, quando dominaram a capital Sanaa.
No mês seguinte, Hadi fugiu para Áden, onde ficou até viajar para a Arábia Saudita em 25 de março, data do início dos bombardeios.
CRISE HUMANITÁRIA
Devido ao conflito, a situação humanitária do país piorou. Por falta de insumos e medicamentos, os hospitais não podem atender os centenas de feridos que chegam.
Nesta segunda, a Comitê Internacional da Cruz Vermelha pediu aos sauditas mais ajuda para poder enviar material médico e pessoal.
O país liberou apenas por quatro horas o espaço aéreo do Iêmen para o tráfego de voos civis, o que dificulta a chegada de mantimentos.
A entidade pretende enviar cerca de 48 toneladas de medicamentos e kits cirúrgicos, mas espera autorização da coalizão para poder chegar a Sanaa e Áden.