Irã quer mais rapidez em fim de sanções
Para líder supremo, Ali Khamenei, potências devem tirar barreiras econômicas assim que assinarem acordo nuclear
EUA querem retirada gradativa; declarações podem afetar volta do diálogo ou ser aceno para conservadores
Uma semana após ser divulgado o plano de ação para o acordo nuclear entre Irã e potências, o líder supremo da República Islâmica, Ali Khamenei, cobrou maior rapidez no fim de sanções ocidentais contra seu país.
Pelo cronograma divulgado pelos Estados Unidos no dia 2, o Irã se compromete a fechar três de suas cinco usinas nucleares e reduzir o nível de enriquecimento de urânio para até 3,67%, patamar em que é possível produzir energia elétrica.
Em troca, americanos e europeus se comprometeriam a retirar as sanções econômicas ao país assim que fosse confirmado o cumprimento de cada etapa do acordo.
Nesta quinta, Khamenei disse não concordar nem discordar do plano de ação com as potências. Porém, discordou da versão de Washington, principalmente em relação ao fim das sanções.
"Todas as sanções devem ser retiradas juntas no mesmo dia do acordo, não em seis meses ou um ano. Se a remoção das sanções depende de outro processo, por que nós começamos a negociar?"
O líder supremo também se disse contra a inclusão no acordo das inspeções a instalações militares, exigência do grupo P5+1 --Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.
Horas depois, em outro evento, o presidente Hasan Rowhani reiterou a exigência de Khamenei. "Nós não assinaremos nenhum acordo, a menos que as sanções econômicas sejam totalmente retiradas em seu primeiro dia".
Na sexta (3), em seu primeiro discurso sobre o acordo, o chefe de governo não havia estabelecido prazos para a retirada das sanções.
RETÓRICA?
As declarações do líder supremo podem dar mais trabalho para os negociadores iranianos e das potências até 30 de junho, dia previsto para o fim do diálogo. Esta é a visão, por exemplo, do chanceler francês, Laurent Fabius.
"Se for possível, chegaremos a um acordo, mas precisamos garantir que nada fique sob as sombras."
Na noite de quinta, o Departamento de Estado reafirmou a posição americana de que as sanções sejam finalizadas de forma gradativa.
Por outro lado, analistas veem o discurso de Khamenei por dois vieses: o de acalmar a linha dura iraniana, que considera os negociadores muito brandos, ou o de tentar conseguir mais concessões das potências do P5+1.
Nos últimos anos, o líder supremo se recusou a fechar usinas nucleares, mas o item está no plano de ação divulgado no dia 2, em sinal de que o regime iraniano cedeu.
Antes do discurso, o diretor da CIA, John Brennan, disse que Khamenei foi persuadido por seus assessores para dar fim à crise econômica.
A possibilidade de alívio às dificuldades financeiras foi um dos principais motivos para que milhares de iranianos comemorassem o pacto.