Rússia autoriza entrega de mísseis ao Irã
Em meio a negociações sobre o programa nuclear, Putin suspende a proibição de envio de armamentos ao país
EUA e Israel criticam a decisão; sistema, com o nome de S-300, destina-se a evitar ataques de aviões ou mísseis
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta segunda-feira (13) um decreto que suspende a proibição da entrega de mísseis antiaéreos ao Irã.
O sistema russo de mísseis, o S-300, foi projetado para proteção contra ataques de aeronaves e de mísseis de cruzeiro. O custo para o Irã foi de US$ 800 milhões.
A Rússia anunciou ainda, por meio do vice-ministro das Relações Exteriores, que exigirá a suspensão do embargo internacional sobre a venda de armas para Teerã assim que entrar em vigor o acordo nuclear que está sendo negociado entre o Irã e o chamado grupo P5+1 (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia, além da Alemanha).
O texto final do acordo deve ser assinado até julho.
Há poucos dias, as partes firmaram documento preliminar que prevê que o enriquecimento de urânio no Irã seja limitado e supervisado por um período de até 25 anos e que sejam eliminadas as sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia.
Em 2010, o então presidente russo, Dmitri Medvedev, cancelou o contrato, assinado em 2007, devido a uma resolução da ONU que restringia a entrega de armas ao Irã.
EUA E ISRAEL
Apesar de Washington acreditar que a venda do sistema não vá impedir que se chegue a um pacto nuclear definitivo com o Irã, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Marie Harf, informou que o secretário John Kerry telefonou ao chanceler Sergei Lavrov para manifestar sua preocupação.
"Dadas as ações desestabilizadoras do Irã na região, em locais como o Iêmen, a Síria e o Líbano, este não é o momento de vender-lhes esse tipo de sistema", afirmou Harf.
O Pentágono, por meio do coronel Steve Warren, seu porta-voz, também se pronunciou. "Nossa oposição a essas vendas é pública e de longa data. Acreditamos que não ajude", afirmou.
Israel também criticou a atitude do governo russo. Um sistema antimísseis pode dificultar um eventual ataque israelense contra instalações nucleares iranianas.
"[O documento] é resultado direto da legitimidade concedida ao Irã com o acordo em curso. E prova que o crescimento econômico após o fim das sanções será explorado pelo Irã para armar-se, e não para garantir o bem-estar de seu povo", disse o ministro da Inteligência, Yuval Steinitz.
O Irã festejou a decisão, dizendo que "pode contribuir para segurança duradoura na região.
"Agora, os americanos e seus aliados não poderão prejudicar o equilíbrio regional e ditar suas condições pela força", disse Hosein Sheikholeslam, conselheiro do Parlamento para Assuntos Internacionais.