Análise
Modelo expande ensino nos EUA, mas com resistências
Os "community colleges" são vistos por especialistas como forma interessante de expandir o ensino superior no Brasil. Mas o modelo sofre resistência nos EUA e aqui.
Essas escolas oferecem formação geral ou algo parecido a um curso técnico, com duração de dois anos.
O diploma serve tanto como qualificação profissional (é a parte que interessa ao governo Dilma) como passo preparatório para ingresso numa universidade tradicional.
São voltadas especialmente a populações desfavorecidas. Um grupo representativo é o dos que não conseguiram chegar ao ensino superior na idade esperada.
A média de idade no modelo é 28 anos, segundo a associação do setor. Idealmente, o aluno chega ao ensino superior perto dos 20 anos.
As escolas não têm a estrutura cara das universidades (com laboratórios e professores renomados). O custo para o aluno é bem mais baixo do que numa universidade. A anuidade média está na casa dos R$ 10 mil; na Universidade Harvard, R$ 135 mil.
Com tal modelo barato, os "community colleges" atendem a quase metade dos alunos de graduação nos EUA.
No sistema brasileiro, predomina o formato de cursos de ao menos quatro anos de duração, já voltados a uma profissão específica.
Basicamente, aqui fica de fora quem não pode arcar com esse curso ou procura uma formação geral.
De acordo com dados da OCDE (organização dos países desenvolvidos), 15% da população brasileira entre 25 e 34 anos possui ensino superior. Nos EUA, são 45%.
A adoção de modelo semelhante ao de "community colleges" tem sido debatida nos meios acadêmicos no Brasil.
Em 2012, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) chegou até a propor esse formato no Estado de São Paulo, que teria apoio técnico da USP, da Unesp e da Unicamp. As universidades não toparam, e o projeto emperrou. Parte da comunidade viu os cursos como de "segunda linha".
Essa impressão existe também nos EUA. Foi retratada inclusive no seriado americano "The Big Bang Theory", sucesso mundial. Em um dos episódios, a garçonete Penny tenta esconder o fato de ter feito "community college". Temia ser desprezada pelo namorado, o físico Leonard.
Ao saber desse histórico, ele sugere que ela volte aos estudos. Penny fica brava e termina o namoro.