Repórter que revelou caso Nisman se diz perseguido
Argentino fugiu para Tel Aviv com US$ 35
Se tivesse uma máquina do tempo, o jornalista argentino Damián Pachter, 31, voltaria ao dia 18 de janeiro de 2015.
Em algum momento, o promotor Alberto Nisman, 51, morreu com um tiro na cabeça horas antes de apresentar ao Congresso sua investigação sobre o atentado à Amia, em Buenos Aires, em 1994.
Mas Pachter, que revelou a morte, tem pouca esperança de descobrir a verdade. "Passaram quatro meses e nem sequer sabemos a hora exata da morte!", exclamou à Folha em Tel Aviv, traçando a saga que o levou a Israel com uma mochila e apenas US$ 35.
Para o jornalista, a Casa Rosada é responsável direta ou indireta pela morte. "Não descarto nada, nem o envolvimento do governo nem do Irã. Mas, por omissão e falha de segurança, o responsável pelo que houve é o Estado."
Depois da notícia, Pachter, que tem nacionalidade israelense por ter vivido no país dos 10 aos 21 anos, passou a acreditar que era perseguido.
Uma fonte sugeriu a Pachter que deixasse Buenos Aires por uns dias. Mas, ao parar em uma lanchonete de estrada, sentiu-se observado por um sujeito que se sentou atrás dele e não pediu nada.
O caso o levou a pegar naquele dia um avião para Israel. Na escala, em Madri, viu os dados de seu voo na conta do governo no Twitter. "Era orwelliano, um Big Brother."
Agora, Pachter é jornalista freelance em Tel Aviv e diz viver "com o indispensável". Voltar? "Enquanto este governo estiver no poder, não."