Malásia acha 139 covas em campos de imigrantes
Restos humanos estavam em acampamentos de traficantes de pessoas de Bangladesh e Mianmar
Segundo ONGs, estrangeiros ficavam presos, enquanto quadrilhas tentavam extorquir famílias
A polícia da Malásia informou nesta segunda-feira (25)que encontrou 139 fossas comuns em acampamentos usados por traficantes de pessoas para alojar imigrantes que tentam chegar ao país.
Os 28 campos, que ficam em uma faixa de floresta de 50 km próxima à fronteira com a Tailândia, mostram outro risco enfrentado pelos que tentam fugir da perseguição política e da pobreza em Mianmar e Bangladesh.
Segundo o chefe da polícia nacional, Khalid Abu Bakar, os primeiros túmulos foram descobertos no dia 11. As fossas eram feitas ao lado de cabanas improvisadas com estrutura de madeira, cobertas de lona e cercadas com arame farpado usadas para aprisionar os imigrantes.
Além dos corpos enterrados, os agentes encontraram nos currais de um dos campos pedaços de corpos em decomposição. Todos os restos mortais foram exumados e levados para a perícia em Wang Kelian, no norte do país.
Eles ainda apreenderam comida e utensílios de cozinha, munição, remédios e roupas brancas usadas durante funerais islâmicos.
O chefe de polícia se disse assustado com as descobertas. "É uma cena muito triste. Estou chocado. Nós não esperávamos este nível de crueldade", disse Abu Bakar.
Os agentes buscam os responsáveis pelos acampamentos, mas até o momento ninguém foi preso. O primeiro-ministro malasiano, Najib Razak, disse estar preocupado com a situação e prometeu encontrar os criminosos.
"A Malásia não tolera nem tolerará qualquer tipo de tráfico de pessoas."
NOVA ROTA
A revelação dos acampamentos acontece três semanas após a Tailândia ter encontrado 36 corpos em sete campos abandonados do seu lado da fronteira.
Desde então, centenas de imigrantes da etnia rohingya, perseguida por Mianmar, e de Bangladesh foram encontrados vagando na floresta, segundo a Organização Internacional de Migrações (OIM).
A OIM e outras ONGs que atuam na região afirmam que os traficantes cobram cerca de US$ 200 (R$ 630) aos imigrantes com a promessa de transportá-los à Malásia.
Após atravessar o golfo de Bengala, porém, eles eram levados aos acampamentos, de onde os criminosos extorquiam as famílias nos países de origem. Caso não pagassem, as vítimas eram mortas.
A situação nas florestas se soma ao drama vivido pelos imigrantes no mar. Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, cerca de 3.600 pessoas estão à deriva no golfo de Bengala.