Multidão em atos não fez Occupy vingar, afirma líder
Movimento nos EUA 'falhou', diz articulador
Atrair milhões de pessoas para as ruas já não garante o sucesso de um protesto, diz Micah White, 33, um dos articuladores do Occupy Wall Street. Criado em 2011 em Nova York (EUA), o movimento não conseguiu sustentar o impulso depois de acender o debate sobre a desigualdade econômica.
Quase quatro anos depois do acampamento ao lado do centro financeiro da cidade, White --que se prepara para lançar, em 2016, o livro "The End of Protest" (O Fim do Protesto)-- afirma que a luta não funcionou porque se baseou em princípios ultrapassados.
"O Occupy foi um exemplo perfeito de como os movimentos deveriam funcionar de acordo com as teorias dominantes sobre protesto e ativismo. E, ainda assim, falhou", diz à Folha.
"Se você olhar para os últimos dez, quinze anos, nós tivemos os maiores protestos da história. E eles continuam crescendo em tamanho e frequência, mas não resultaram em mudança política."
NOVO ATIVISMO
Vivendo em uma comunidade rural no Estado de Oregon (noroeste dos EUA), ele afirma que, hoje, concentra-se em um tipo de ativismo que crie uma mudança mental nas pessoas.
"Em termos concretos, acho que há muito potencial na criação de partidos políticos populares, exigindo comportamentos mais complexos das pessoas, como concorrer a um cargo político, buscar votos, participar da administração da cidade", afirma.
No cenário atual, também é preciso aprender a usar as redes sociais a favor dos movimentos, diz White. "O maior risco é nos tornarmos espectadores dos nossos próprios protestos."