EUA retiram oficialmente Cuba de lista de apoio ao terrorismo
Medida anunciada por Obama em abril, com peso político simbólico, ganha aval do Congresso
Embargo continua em vigor, mas ação é passo para países reabrirem embaixadas depois de 54 anos de rompimento
O Departamento de Estado americano informou nesta sexta-feira (29) que Cuba está oficialmente fora da lista em que os EUA incluem os países que consideram patrocinadores de terrorismo.
Em comunicado, o departamento informou que a medida, anunciada pelo presidente Barack Obama em 14 de abril, não foi contestada pelos congressistas dos EUA no prazo de 45 dias previsto por lei. Desse modo, prevalece a decisão do mandatário.
Embora a medida seja largamente simbólica, já que o embargo a Cuba ainda vigora e só pode ser revogado pelo Congresso dos EUA, ela elimina um dos maiores entraves à reabertura das embaixadas cubana em Washington e americana em Havana.
Há décadas, as representações diplomáticas de um país no outro resumem-se a "seções de interesses", que estão alojadas nas embaixadas da Suíça nas duas capitais.
Os líderes dos dois países, Obama e o ditador Raúl Castro, anunciaram a retomada dos laços diplomáticos em dezembro do ano passado, após 54 anos de rompimento.
"Os EUA divergem de uma série de políticas e ações de Cuba, mas nenhuma delas impede a retirada da lista de Estados patrocinadores de terrorismo", disse nesta sexta o porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke.
A declaração de Rathke ressalta os obstáculos nas negociações --na semana passada, uma reunião de representantes dos governos cubano e americano não chegou a um acordo final sobre a instalação das embaixadas.
De todo modo, especialistas veem a oficialização da decisão de Obama como passo importante no processo.
"Há muito mais a fazer, mas temos de manter esse ímpeto. Só assim deixaremos claro para o povo cubano que, se a negociação não progredir, a culpa será só do governo de Cuba", disse Peter Schechter, diretor do centro de estudos Atlantic Council.
'NOME LIMPO'
A decisão de excluir Cuba da lista de terrorismo dos EUA --Irã, Sudão e Síria continuam nela-- ocorreu três dias após Obama e Raúl se reunirem na Cúpula das Américas, no Panamá, no primeiro encontro oficial de líderes dos dois países em cinco décadas.
O regime cubano estava na lista desde 1982, devido ao financiamento de guerrilhas na América Latina. A retirada foi decidida com base em estudo do Departamento de Estado em que a ilha era bem avaliada por não ter registro recente de apoio a terrorismo.
Desde 2012, por exemplo, Cuba vem servindo de mediadora entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc, antes apoiada por Havana.
Apesar de o embargo não ter sido suspenso, Cuba, ao ser excluída da lista, deixa de ser alvo de sanções específicas do Tesouro americano.
O governo cubano não se pronunciou oficialmente nesta sexta sobre o anúncio dos EUA. A mídia estatal do país já noticiara a decisão de Obama dizendo que Cuba nem deveria ter estado na lista.